A vila de Terena, situada bem no coração do concelho de Alandroal, voltou mais um ano a receber os muitos visitantes e peregrinos que num gesto de agradecimento se deslocaram ao Templo Mariano de Nossa Senhora da Boa Nova, na procura de paz e resposta para as suas preces.
É no Domingo de Pascoela, o ponto alto desta romaria, ao entardecer, quase ao sol-posto, que Santa Maria de Terena emerge da porta do Seu Santuário.
A multidão que a espera silencia-se e mudamente desfia nas suas mãos o rosário que não teme em mostrar, numa muda prece, quebrada unicamente pelo som dos instrumentos musicais que acompanham a sua caminhada em direção à vila de Terena.
Ninguém precisa de pedir para que a multidão caminhe, em alas, em procissão de velas. A negridão da noite apenas é quebrada por um mar de velas acesas e por uma enorme luz branca que caminha, aos ombros dos homens, no silêncio da planície alentejana.
Chega-se ao cruzeiro do Santuário, e ao encontrar-se Pedro com Maria, já noite bem cerrada, as duas procissões de origens tão diversas, encontram-se e, após uma curta reflexão oral.
Este ano, foi o Cónego Padre Mário Tavares de Oliveira que orientou os peregrinos que, caminham numa só fila, num só caminho, para a Igreja Matriz de Terena.
Antes procedeu-se à cerimónia de coroação da imagem de Nossa Senhora da Boa Nova. Recorde-se que em 1952, Nossa Senhora foi coroada com uma coroa de ouro, mandada fazer com o ouro oferecido pelos fiéis. Para assinalar esse momento marcante e no sentido de homenagear as pessoas que doaram o ouro a Nossa Senhora da Boa Nova, repetiu-se o cerimonial no adro do Santuário.
Uma vez mais a Rádio Campanário esteve presente e para além de registar o momento falou com um membro da Confraria de Nossa Senhora da Boa Nova, Nuno Pereira, referindo que, mais um ano se manteve a Romaria dos Prazeres, “única e exclusivamente dedicada à Senhora da Boa Nova (…) este ano não tivemos inovações, continuamos com um programa diversificado, com um passeio de ciclomotores clássicos, a chegada dos ciclistas Seixal – Terena que inclui os irmãos Rosado, os Anjos, nós estamos muito debruçados em preservar aquilo que nos foi deixado, a festa religiosa, a igreja, o monumento, o património, é essa a nossa meta”.
Questionado sobre a existência de opiniões de que a festa devia ser centralizada no mesmo local, declara que a ser assim, “acarretaria à Confraria ou à entidade que a organiza outro tipo de despesas, não estamos propriamente em altura de poder dar grande espaço nesse sentido, mas sim, também tem uma parte positiva, mas há quem diga que deve ser tudo centrado aqui em baixo (recinto do Santuário) mas as pessoas que são lá de cima (aldeia de Terena) também dizem que a festa devia ser lá em cima”.
Instado sobre se não haverá uma dispersão das pessoas, Nuno Pereira diz que “a única coisa que se passa lá em cima é à noite, durante o dia tudo se passa aqui, sejam os ciclistas, as motas, é tudo centrado no recinto do Santuário”.
Sobre se as pessoas continuam a chegar ao Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova em peregrinação a pé, o responsável confirma, dizendo que “ainda ontem tivemos grupos vindos de Redondo, Alandroal e de outras aldeias aqui vizinhas (…) continuamos a ter peregrinos vindos até de outras partes do país durante todo o ano e durante estes dias mais do que em qualquer um dos outros”.
No que concerne à tradição de acampar, destaca que “as pessoas antigamente tinham um meio de transporte diferente, ninguém tinha carro, as pessoas vinham num burro, numa carroça, hoje com um carro a pessoa vem à festa à mesma mas não é preciso dormir (…) evoluímos noutro sentido, no entanto as pessoas continuam a vir à festa”.