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Arquivo Digital do Cante Alentejano vai ser uma realidade: “estas memórias vão preservar a arte nas gerações futuras” diz Florêncio Cacête (c/som)

Comemora-se em 2024 os 10 anos da classificação do Cante Alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Identidade única da Região Alentejo, esta classificação foi o reconhecimento de uma das maiores riquezas culturais e históricas do Alentejo que têm perdurado no tempo e tem passado de geração em geração.

No ano em que se celebra este 10º aniversário , a Associação Alentejo, Terras e Gentes, a CIMBAL e a Universidade de Évora, através do CIDEHUS ( Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades), Unidade De I&D que integra a Cátedra Unesco em Património Imaterial e Saber Fazer Tradicional uniram esforços, enquanto entidades promotoras, e vão implementar um projeto há muito desejado , o Arquivo Digital do Cante Alentejano.

O objetivo passa por construir um Arquivo digital desta expressão patrimonial, acessível a todos, baseando-se na recolha de dados junto dos seus principais atores, os grupos de cante alentejano. Pretende-se ainda potenciar outras abordagens ao Cante, baseadas em novas fontes resultantes do trabalho de pesquisa a realizar.

A implementação e coordenação deste projeto está a cargo do Dr. Florêncio Cacête, Colaborador do CIDHEUS, com quem a Rádio Campanário falou. O responsável começou por nos explicar “este Arquivo Digital nasce depois de um trabalho de investigação que fiz há dois anos sobre o Cante Alentejano e o Turismo em que, por necessidades óbvias do trabalho de investigação, frequentei muitas sedes de grupos de cante e salas de ensaio, e fui-me apercebendo de um espólio e acervos de um valor incalculável do ponto de vista patrimonial , histórico e artístico, que é necessário salvaguardar e mostrar, numa perspetiva de valorizar a própria história dos Grupos de Cante.”

Florêncio Cacête sublinha que o objetivo deste Arquivo Digital é “trazer à luz alguma documentação destes acervos, numa perspetiva de construir a história do cante através daquela que tem sido a atividade desenvolvida pelos grupos de Cante ao longo destes quase cem anos .”

No que diz respeito à sua implementação, o responsável pelo projeto explica que “todos os grupos de cante alentejano irão ser contactados para participar no projeto e vamos criar em conjunto por forma a criar uma plataforma on-line onde alguma documentação esteja disponível, quer dos grupos que já estejam em atividade, quer dos grupos que já estão extintos, mas dos quais ainda existem acervos assim como de algumas coleções particulares.”

A plataforma vai ficar linkada ao repositório digital da Universidade de Évora para que a informação não se perca e para que permita aos investigadores e a quem quiser consultar, visualizar todos estes documentos.

Florêncio Cacête destaca ainda “até agora tem-se olhado para o cante e bem de uma forma muito do ponto de vista da antropologia e da sociologia , visões fundamentais, mas trazendo esta documentação a lume é possível desenvolver outro tipo de abordagens que também fazem falta para a história do Cante.”

Questionado se, na sua opinião , através deste Arquivo se garante a preservação destas memórias para gerações futuras, o responsável frisou “naturalmente com este arquivo estamos a construir memórias , estamos a trabalhar para memória futura e esse é o grande garante que o CIDHEUS e a Universidade de Évora nos dão através da utilização das suas plataformas.”

Para além das entidades promotoras, este projeto de importância vital para a valorização dos grupos e do cante, sua história e memória, conta já com diversos parceiros, nomeadamente: Museu do Cante (Serpa) ; Centro de Documentação do Cante Alentejano (Castro Verde) A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria; Associação de Folcloristas do Alto Alentejo;Federação do Folclore Português;CCDRA ( Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, IP).

A plataforma digital estará oficialmente disponível ao público, já com os primeiros dados inseridos, na edição da OVIBEJA/2024.

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