A investigadora Maria João Feio aborda a temática da água sob uma perspetiva abrangente, transcendendo a mera conceção deste recurso como elemento para consumo humano ou irrigação agrícola. Para ela, a água é o cerne de ecossistemas ricos e diversificados, cuja saúde depende não apenas da ausência de poluentes mas também da integridade dos processos ecológicos. Dedicada ao estudo da ecologia fluvial no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, critica a falha na aplicação das leis existentes que visam a preservação da qualidade da água. Sublinha a falta de conscientização, tanto na sociedade civil quanto entre os decisores políticos e gestores agrícolas e industriais, sobre a importância da integração da água nos ecossistemas.
A pesquisadora lamenta a tendência de desvalorizar a vegetação ribeirinha e alerta para os perigos da escassez de água, exacerbada pelas mudanças climáticas. Aponta o aumento da agricultura de regadio em regiões secas, como o Alentejo, e a construção de barragens como soluções problemáticas que prejudicam a qualidade da água e promovem espécies invasoras, alterando significativamente os ecossistemas ribeirinhos.
No contexto do Dia Mundial da Água a 22 de março, Maria João Feio advoga pela proteção efetiva dos rios, propondo a criação de zonas fluviais protegidas onde qualquer intervenção humana seria proibida. Adianta que, embora a legislação apoie tais medidas, a sua implementação prática é negligenciada, levando à degradação contínua dos ecossistemas aquáticos.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) reconhece a importância da sustentabilidade e da preservação dos ecossistemas aquáticos.
