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Sector dos cereais regozija-se com declarações de Montenegro na Ovibeja. Mas pede revisão da Estratégia Nacional para a produção

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse no seu discurso de inauguração da Ovibeja — um certame organizado pela ACOS – Associação de Agricultores do Sul — que o País tem capacidade para aumentar a soberania alimentar e inverter a subida do défice da balança comercial neste sector, que triplicou em menos de 10 anos.

“É com especial regozijo que a Anpromis — Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo, a Anpoc — Associação de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais e a AOP — Associação de Orizicultores de Portugal ouviram as recentes declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na Ovibeja”, refere uma nota de imprensa da Anpromis.

No entanto, “atendendo aos constantes desafios colocados pela geopolítica mundial, que tanto afectam o comércio dos cereais e a economia dos países”, aquelas associações “vêm alertar o actual Governo para a necessidade de revisitar, no mais curto espaço de tempo, a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais sob pena de se perder uma oportunidade única de se reduzir o nosso grau de auto-aprovisionamento de cereais, reforçando assim as declarações recentemente efectuadas pelo primeiro-ministro.

Realça a mesma nota que Portugal é historicamente dependente da importação de cereais. Em 1989, os níveis de auto-aprovisionamento eram de 60%. Porém, a diminuição da produção e o aumento das necessidades conduziram a um valor actual particularmente baixo, o que constitui uma singularidade no contexto europeu e mundial. O impacto no défice alimentar é grande, contribuindo para o importante desequilíbrio estrutural da economia portuguesa a este nível.
Hoje, o sector dos cereais representa mais de 10% das importações alimentares e mais de 30% das importações agrícolas.

Na Ovibeja, Luís Montenegro, disse que “tínhamos um défice comercial do ponto de vista alimentar, em 2014, de 1.148 milhões de euros e que atingiu, no ano passado, 3.647 milhões de euros. Triplicou em menos de 10 anos”, realçando que “não estamos a defender um proteccionismo europeu. Estamos a defender que haja justiça no comércio internacional, regras de compromissos no mercado internacional e uma consciência de equilíbrio”.

“Temos um País com grande potencial do ponto de vista territorial, agricultores que têm conhecimento, capacidade, tecnologia e vontade e temos um mercado que podemos alimentar com os nossos próprios recursos, quer europeu, quer nacional”, acrescentou o governante adiantando que “exigimos para nós regras restritivas para salvaguardar o meio ambiente e a saúde pública, mas fechamos os olhos a produtos agrícolas provindos de outras geografias que não respeitam os princípios que são impostos no quadro comunitário”.

Por outro lado, frisou que “mais do que um problema de falta de água, temos um problema de gestão de recursos hídricos, cujas respostas têm sido sucessivamente adiadas”.

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