O Cante Alentejano foi declarado Património Imaterial da Humanidade a 27 de novembro de 2014. Para comemorar esta distinção, estão previstas várias iniciativas até novembro deste ano. No entanto, em torno das celebrações, o renomado fadista Nuno da Câmara Pereira, em entrevista à Rádio Campanário, manifestou a sua indignação pelo facto de artistas não alentejanos, como Pedro Abrunhosa, estarem a representar o fado no âmbito das celebrações do Cante Alentejano.
“Temos o Cante Alentejano que é património imaterial da humanidade, muito bem, para exaltar o que é o Alentejo, o que é o Cante Alentejano que passou por todas as épocas, por todas as gerações, por todos os séculos. E, obviamente, estranha-me muito, no entanto, agora, depois de ser património imaterial devido aos alentejanos, que apareça um tipo do Norte, Pedro Abrunhosa, a representar o Cante Alentejano. Não precisamos do Pedro Abrunhosa para nada, ele não fez nada pelo Cante Alentejano. Portanto, eu não vou representar a canção do Minho, porque não sou minhoto, também não admito que seja um minhoto ou um nortenho, um urbano ou suburbano, a representar o Cante Alentejano.
É um absurdo, é uma estupidez, é uma cretinice, é o que eu posso dizer. E como alentejano, obviamente, só posso gritar de revolta, porque temos muitos alentejanos a saber representar e a merecer representar. Pedro Abrunhosa não é nem uma coisa nem outra. Pode ser o maior artista do mundo, o melhor, o tipo mais inteligente, mais culto, o que quiser. Mas há uma coisa que ele fez pelo Cante Alentejano, se não pôs-se agora em cima dos palcos a cantar uma coisa alentejana com os de pias, que até giro, até acho muito bem, temos de ser ecléticos, com certeza. Agora daí, a cair no exagero de ele vir a representar o Cante Alentejano, bolas, bolas, tenhamos um bocadinho de pudor e de vergonha.”
Existe uma forte ligação dos alentejanos ao seu património cultural e a importância de manter a autenticidade e a representatividade nas celebrações do Cante Alentejano.
