O Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, marcou presença nas comemorações dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia de Borba, destacando a importância da solidariedade e do humanismo no trabalho da instituição ao longo dos séculos. Em entrevista à Rádio Campanário, o Arcebispo sublinhou a relevância do trabalho da instituição.
O Arcebispo destacou ainda o papel histórico das Santas Casas da Misericórdia: “As Santas Casas são assim chamadas, elas são Casas da Misericórdia, mas o povo chamou-lhe Santas Casas, porque durante estes séculos receberam apoio de todo o tipo. Temos de pensar, por exemplo, que o Serviço Nacional de Saúde é recente, foram as Santas Casas que tiveram os hospitais, as maternidades, os sanatórios, onde pagaram os funerais e fizeram os enterros das pessoas pobres, onde tiveram os chamados asilos, recolhimentos, as sopas dos pobres. São tudo termos que nos chocam muito.”
“Mas não foi assim tão longe… que todos sintam que esta palavra, Santa Casa da Misericórdia, é uma palavra de conforto e de presença,” continuou o Arcebispo.
Além da solidariedade, D. Francisco Senra Coelho salientou a importância da gratidão: “Queria lembrar a palavra gratidão, porque as pessoas tiveram coração, uniram-se e fizeram estas instituições. E esta de Borba, bem como a de Arraiolos, estas Santas Casas celebram este ano 500 anos. Hoje estamos em Borba, 500 anos de dedicação, 500 anos de não pensar só em si.”
“As Casas da Misericórdia são sonho de alguém que pensou não apenas em acumular numa mutualidade, ter um seguro, onde todos põem no monte e depois cada um tem direito à sua partilha, mas a solidariedade é pensar num fundo para todos os que não têm fundo, os que não têm voz, os que não têm sentido,” explicou o Arcebispo.
“Eu queria ser a voz de todos e pedir às Santas Casas, não só que continuem, mas que tenham sempre este sentido de humanização, este profundo sentido de proximidade e de qualidade. Obrigado à Santa Casa da Misericórdia de Borba, em nome de todos aqueles que um dia sentiram nesta instituição uma mão amiga, uma presença justa e que se sentiram pessoas humanas dignificadas na sua dignidade e não apenas assistidas nas suas dificuldades,” concluiu D. Francisco Senra Coelho.
“Tem de ser um serviço que promove e não apenas que mantém o pobre na assistência. É muito bom sermos visitados por aquelas pessoas que já não precisam de nós, sinal que cumprimos o nosso dever. Que sejam muitos os que já não precisam da Santa Casa e que dizem, já também fui ajudado e agora que sejam outros e que saibam que essa é a nossa missão, é que não precisem de nós. Digo isto porque como Bispo estou ligado a cada Santa Casa da Misericórdia, por isso uso com muito gosto o nós. Um abraço a todos os ouvintes e amigos desta grande família que se chama Rádio Campanário,” finalizou o Arcebispo.
As celebrações dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia de Borba foram um momento de reflexão sobre a importância do trabalho da instituição e um apelo à continuidade da sua missão de solidariedade e humanismo.