Com as temperaturas a rondarem os 40 graus no Alentejo, a presença das osgas, tanto a Osga-comum (Tarentola mauritanica) como a Osga-turca (Hemidactylus turcicus), torna-se mais visível. Estas criaturas têm-se adaptado ao calor abrasador da região, encontrando refúgio nas paredes das casas alentejanas. Embora as duas espécies partilhem semelhanças, como a sua utilidade para o ser humano ao alimentarem-se de insetos, existem diferenças notáveis entre elas. A Osga-comum, maior e mais robusta, contrasta com a Osga-turca, mais pequena e de coloração rosada, quase translúcida em certas condições de luz.
No entanto, apesar dos seus benefícios como “inseticidas naturais”, as osgas continuam a carregar uma má fama injustificada. Mitos persistentes atribuem-lhes veneno mortal e a capacidade de causar doenças de pele, como o temido “cobro”. Estas lendas, profundamente enraizadas na cultura popular, têm origem na herança cultural árabe, onde o diabo foi descrito no Corão como tomando a forma de uma osga. Assim, a palavra “osga” em si deriva do termo árabe “wazzagah”, evidenciando a influência cultural que moldou estas crenças.
Ao contrário do que as histórias sugerem, as osgas não possuem veneno nem transmitem qualquer doença de pele. São criaturas inofensivas que, em vez de serem temidas, devem ser apreciadas como maravilhas da natureza, especialmente num cenário onde desempenham um papel crucial no controle de pragas. Portanto, quando os alentejanos encontrarem estes pequenos répteis nas suas paredes, podem estar seguros de que estão perante uma ajuda silenciosa contra os insetos indesejados, e não um perigo como os mitos sugerem.