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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

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Luís Fialho: A nova voz do Cante Alentejano que mistura a tradição com a modernidade.

O cante alentejano, uma das expressões culturais mais emblemáticas de Portugal, reconhecido como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, continua a inspirar novas gerações de músicos que se dedicam a preservar e inovar esta tradição secular. Luís Fialho, um jovem de 22 anos, natural de São Mansos, no Alentejo, é um desses talentos emergentes que, com paixão e criatividade, tem levado o cante alentejano a novos públicos, combinando-o com elementos de música pop.

Nesta entrevista concedida à Rádio Campanário, conduzida pela jornalista Augusta Serrano, Luís Fialho fala sobre o início da sua carreira, as influências do Cante Alentejano na sua música e a sua determinação em continuar a promover e inovar esta arte que tanto ama. Com uma trajetória que já o levou a pisar palcos por todo o país, Luís partilha as suas experiências, e os desafios sobre o futuro da sua vida artística.

Augusta Serrano: Luís Fialho, muito boa tarde. Com apenas 22 anos, já tens uma carreira e já realizas, o sonho de cantar. Como é que tudo começou?

Luís Fialho: Este projeto começou há alguns anos na vila onde vivo, em São Mansos. Sempre adorei o cante alentejano e lembro-me de ouvir os senhores mais velhos a cantar nos cafés ao final do dia. Ficava fascinado e, assim que chegava a casa, tentava aprender aquelas canções para as poder cantar no dia seguinte.

Foi assim que, há cerca de seis anos, fui convidado a integrar um grupo coral alentejano, os Almocreves da Amieira. Foi lá que dei os meus primeiros passos na música, pisei os primeiros palcos e tive as minhas primeiras experiências.

Em 2020, criei o meu primeiro projeto musical mais sério, “Solo Así”, que se dedicava à música espanhola, portuguesa e brasileira. Conseguimos atuar em mais de 150 palcos em três anos. No ano passado, decidi focar-me na minha carreira individual, participei no The Voice Portugal, passei na prova cega e, desde então, tenho lançado as minhas próprias canções.

Rádio Campanário: Como tem sido a aceitação do público, relativamente aos trabalhos que já lançaste?

Luís Fialho: Até agora, lancei três temas. “Tardes Contigo”, que saiu em setembro, “Milagre do Santo”, o primeiro deste ano, e “Estrada de Imperfeição”, lançado há cerca de duas semanas. Estes temas têm tido uma boa aceitação, com as visualizações no YouTube a rondar as 100 mil visualizações por música. As plataformas de streaming também estão com números muito bons, e isso reflete-se nos concertos, onde tenho conseguido encher salas e criar espetáculos memoráveis. É muito gratificante ver o público a aderir à minha música desta forma.

Augusta Serrano: Tens atuado em várias regiões. Onde serão os teus próximos concertos?

Luís Fialho: Tenho atuado no Alentejo e na zona de Lisboa. Os meus próximos espetáculos serão no dia 25 de agosto, em São Mansos, nas festas de verão, e no dia 21 de setembro terei o meu primeiro concerto numa sala em Lisboa.

Augusta Serrano: A tua música é uma fusão entre pop e cante alentejano. Como surgiu esta junção?

Luís Fialho: O cante alentejano é tradicionalmente cantado a vozes, sem instrumentos. Sendo um artista solo, senti a necessidade de ter algum tipo de suporte instrumental. Decidimos, então, criar uma base pop com instrumentos como piano, guitarra e percussão. Assim, conseguimos criar este estilo único, o “pop cante alentejano”, que traz uma nova sonoridade ao género e permite divulgá-lo para além das fronteiras do Alentejo.

Augusta Serrano: O cante alentejano é património imaterial da UNESCO. Isso influenciou a tua vontade de continuar esta tradição?

Luís Fialho: Eu já adorava o cante alentejano antes de ser classificado como património imaterial, mas sinto que essa classificação fez com que o país e o mundo olhassem para o nosso cante com mais seriedade. Desde então, temos visto casas cheias e pessoas que compram bilhetes para ver cante alentejano, algo que antes era impensável. É incrível ver esse reconhecimento e ver que as novas gerações também estão a dar continuidade a esta tradição.

Augusta Serrano: Trabalhas com alguns nomes importantes na música. Como é que eles têm influenciado a tua carreira?

Luís Fialho: Sim, tive a sorte de trabalhar com grandes nomes. Por exemplo, a minha última música, “Estrada de Imperfeição”, foi escrita pelo Luís Trigacheiro, João Direitinho e o  Mário dos Átoa. É muito importante para mim sentir que as minhas referências, aqueles que me inspiraram a começar, estão a acreditar em mim. Isso dá-me uma força enorme para continuar.

Augusta Serrano: Estás a trabalhar com o Miguel Ventura, um nome de referência no mundo dos espetáculos. Como surgiu essa parceria?

Luís Fialho: Conheci o Miguel Ventura no início deste ano, num concerto na Comporta, onde ele estava a organizar as festas. Trocámos ideias sobre a minha carreira e sobre o que ele podia fazer com a sua empresa, a Ducal Events. Desde abril que estamos a trabalhar juntos e é ótimo ter alguém com tanta experiência e capacidade ao meu lado.

Augusta Serrano: Luís, foi um prazer conversar contigo. Desejamos-te todo o sucesso e estaremos atentos aos teus próximos projetos.

Luís Fialho: Muito obrigado! Foi um prazer também e espero continuar a surpreender com a minha música.

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