Grândola, [22/08/2024] – A Rádio Campanário esteve presente na inauguração da Feira de agosto em Grândola, um dos maiores eventos do concelho, onde artesãos de todo o Alentejo expõe os seus produtos. Entre os expositores, destacam-se Joaquim e Cristina Boavida, um casal que há mais de 20 anos se dedica à produção artesanal das tradicionais cadeiras alentejanas.
Joaquim Boavida, que começou a trabalhar com cadeiras aos 20 anos, explica que o processo é totalmente manual e envolve várias etapas, desde a preparação da madeira até à aplicação dos acabamentos. “A cadeira é feita por mim, e a pintura está encarregada a minha senhora”, afirma. Cristina Boavida é a responsável pela pintura das cadeiras, seguindo uma tradição familiar que aprendeu com a irmã. “Os motivos são sempre florais”, diz ela, destacando a beleza e a delicadeza do trabalho que executa.
Apesar da longa experiência e dedicação ao ofício, o casal não está fácil é atrair novos seguidores para esta arte. “Ninguém quer. Isto é uma coisa que dá trabalho”, lamenta Joaquim, explicando que o processo inclui a ceifa do “boinho” (uma erva utilizada no fundo das cadeiras), que se tornou cada vez mais difícil de encontrar.
A madeira utilizada nas cadeiras vem de uma fábrica em Fátima, enquanto o “boinho” é recolhido na Ponte do Albardão, após o desaparecimento das áreas de colheita tradicionais no Guadiana. O processo artesanal é realizado na totalidade em Redondo, uma vila conhecida por manter viva esta tradição.
No que toca a apoios, o casal revela que a Câmara Municipal não oferece qualquer tipo de ajuda direta. “Temos do Instituto de Emprego um apoio para cinco feiras, que chega a 2.200 euros por ano”, esclarece Cristina, sublinhando as dificuldades em manter o negócio com recursos limitados.
Apesar das adversidades, Joaquim mostra-se cautelosamente otimista em relação à Feira de agosto deste ano, reconhecendo, no entanto, que “as vendas têm vindo a cair”.
A Feira de agosto em Grândola continua a ser um palco importante para artesãos como Joaquim e Cristina Boavida, que, com dedicação e paixão, mantêm viva a tradição das cadeiras alentejanas, mesmo em tempos desafiadores.
