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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

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Manuel de Lemos defende o apoio domiciliário como pivô do envelhecimento e maior cooperação com o Estado.

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, defendeu em entrevista à Renascença e à Agência Ecclesia que o futuro da assistência aos idosos deve centrar-se no apoio domiciliário, em detrimento da construção de novos lares. Segundo Lemos, “o novo pivô do envelhecimento deve ser o serviço de apoio domiciliário,” destacando que este modelo oferece maior conforto às pessoas que desejam envelhecer em casa, com a devida segurança e apoio.

Maior Cooperação entre Estado e Setor Social

Manuel Lemos sublinhou que o Estado não será capaz de desenvolver uma rede pública de lares eficaz e que o setor social está preparado para responder às necessidades da população através do apoio domiciliário. “O setor social tem capacidade para dar a resposta que o país precisa,” afirmou. O presidente da UMP considera que o aumento da cooperação entre o setor social e o Estado na área da saúde é crucial, referindo que as Misericórdias estão prontas para avançar com as Unidades de Saúde Familiar (USF) de modelo C, recentemente anunciadas pelo Governo.

“O Governo perguntou-nos se estaríamos disponíveis para avançar para o modelo C. Estamos, com certeza. Precisamos de analisar a legislação, mas com a nossa experiência na área hospitalar e dos cuidados continuados, estamos preparados para este desafio,” assegurou.

Revisão do Orçamento e Concertação Social

Manuel Lemos mostrou-se confiante de que o Orçamento do Estado para 2025 será aprovado, afirmando que “na 25.ª hora, os responsáveis pelos maiores partidos vão preferir o equilíbrio.” No entanto, o responsável sublinhou a importância de o Orçamento acomodar o custo justo das respostas sociais e alertou para a necessidade de ponderar o impacto do aumento do salário mínimo nas instituições do setor social. “O aumento do salário mínimo tem de ser obviamente ponderado por quem faz o Orçamento,” frisou.

O presidente da UMP defendeu também a inclusão do setor social na Concertação Social, uma medida que considera fundamental para melhorar a cooperação entre as instituições sociais e o Estado. “Há um passo decisivo que precisa de ser dado, que é a integração do setor social na Concertação Social,” afirmou, recordando que o Presidente da República já manifestou apoio público a essa ideia.

Desafios nos Cuidados de Saúde e Internamentos Sociais

Em relação à área da saúde, Manuel Lemos apontou para o problema dos internamentos sociais, uma situação que afeta os hospitais do SNS. “Os hospitais enfrentam dificuldades no momento da alta com doentes que não têm para onde ir,” explicou, realçando que a solução passa por uma resposta mais eficaz por parte do setor social, mas também pelo envolvimento das famílias.

Lemos referiu ainda que o protocolo estabelecido entre o Estado e as instituições sociais para resolver o problema dos internamentos sociais precisa de ser revisto, para que se possam acolher mais doentes e aliviar a pressão sobre os hospitais. “Será necessário atualizar o protocolo para cuidar de mais pessoas e libertar camas hospitalares,” concluiu.

O Futuro do Envelhecimento em Portugal

Ao abordar o futuro do envelhecimento em Portugal, Manuel Lemos reiterou a sua visão de que o apoio domiciliário deve ser o foco das políticas públicas. “Mais do que o lar, o que nós precisamos é que as pessoas estejam nas suas casas devidamente protegidas,” afirmou, sublinhando que as Misericórdias estão preparadas para oferecer essa rede de apoio, com os custos que isso implica para o Estado e as famílias.

Para o presidente da UMP, o envelhecimento em casa é uma solução preferida pela maioria das pessoas, desde que haja confiança na assistência prestada. “Eu não quero acabar os meus dias num lar, gostava de terminar os meus dias na minha casa, com as minhas memórias e os meus livros,” concluiu.

A entrevista de Manuel Lemos deixou claro que o setor social está pronto para assumir um papel mais ativo na resposta às necessidades da população, mas que isso depende de um compromisso firme por parte do Governo e da sociedade para garantir uma rede eficaz de cuidados e apoio aos mais vulneráveis.

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