O presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus, afirmou hoje que a maioria dos viticultores e produtores de vinho no Alentejo segue as regras, apelando a que qualquer pessoa com conhecimento de irregularidades concretas as denuncie. Reconhecendo a seriedade dos operadores da região, Mateus admitiu, no entanto, que não pode garantir que todos atuem de forma correta e que, eventualmente, possam existir situações fraudulentas.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da CVRA reagiu a suspeitas levantadas por algumas organizações sobre a possível utilização ilegal de vinho importado de Espanha, que estaria a ser classificado indevidamente com Denominação de Origem Controlada (DOC) ou Indicação Geográfica (IG). Francisco Mateus confirmou a entrada de vinhos espanhóis em Portugal, conforme demonstram as estatísticas, mas afirmou desconhecer qualquer caso concreto de importação ilegal.
Mateus sublinhou que a CVRA não tem competências de polícia e que o seu objetivo não é fiscalizar importações, mas sim certificar e promover o vinho alentejano. No entanto, reforçou que os produtores da região são “os principais defensores da denominação de origem”, sendo do seu interesse preservar a identidade e a qualidade dos vinhos, pois é essa a base da sua atividade económica e dos seus investimentos.
O responsável apelou ainda a quem tenha conhecimento de práticas irregulares no setor que utilize os canais de denúncia disponíveis, como os da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) e do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Segundo Mateus, é crucial que as acusações sejam feitas de forma concreta, em vez de serem lançadas repetidamente para a opinião pública sem provas concretas.
O presidente da CVRA também mencionou a quantidade significativa de vinho que circula na região, citando os dados de 2023, quando 44,3 milhões de litros de vinho foram transportados com o devido controlo da comissão. Esses números refletem a movimentação de vinho entre operadores, transferências internas e operações de engarrafamento. Mateus referiu que este volume de vinho corresponde a milhares de camiões a circular no Alentejo e, embora reconheça que possa haver outros transportes fora do controlo da CVRA, não tem conhecimento de irregularidades.
As suspeitas de adulteração de vinho certificado, levantadas pela ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo) e pelo Movimento Cívico dos Agricultores, são alvo de preocupação, mas Mateus reiterou que qualquer irregularidade deve ser formalmente denunciada para proteger a atividade vitivinícola da região.