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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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O dia em que a “dona Dulce” pressentiu que a queriam burlar

A conversa começou calma. Dois indivíduos abordaram Dulce nas ruas de São Romão, apresentando-se um deles como sendo filho de alguém conhecido na região, proprietário de olivais, onde Dulce até tinha trabalhado. “Tanta azeitona que ali apanhei e tantas vezes que fiquei com as mãos engadanhadas”, recorda. Mas o diálogo azedou mais à frente. O caso já tem algum tempo, mas foi contado na primeira pessoa esta quinta-feira em São Romão, durante uma ação de sensibilização sobre segurança, numa parceria entre a Câmara de Vila Viçosa e a GNR.

Voltemos ao relato de Dulce. Os homens garantiam agora que conheciam também um dos vizinhos da idosa – chegaram a dar o nome – com quem diziam ter falado nesse mesmo dia. Depois perguntaram se Dulce tinha “alguma coisa” para vender. “Disse que tinha uma tapada e responderam logo que um deles a comprava”, relembra. “Eu não queria vender nada”, afiança. Até que o diálogo começou a “travar”, após Dulce ter percebido que acabara de revelar o seu nome e onde morava o seu filho.

“Fiz mal. Fiquei a pensar que não devia ter feito isso, mas uma pessoa não pensa que estas coisas podem acontecer”, reconhece, congratulando-se por, pelo menos, não ter revelado o contacto telefónico. “Disse que se quisessem mesmo falar comigo, que ligassem para o meu vizinho”.

Dulce seguiu o seu caminho, mas já ia invadida pela desconfiança, que se agravou quando foi perguntar ao vizinho quem eram aqueles dois homens. O vizinho nem percebeu a pergunta. Afinal, não tinha estado com ninguém. “Seria para me burlar? Não seria? Tive o pressentimento de que sim”, resume.

O relato de Dulce foi um dos exemplos que marcou esta formação junto dos idosos – e não só – de São Romão, onde a GNR foi dando vários exemplos que como dissuadir abordagens suspeitas. Desde impedir a entrada em casa de pessoas suspeitas ou desconhecidas, sem ter a certeza de quem são, fechar bem portas e janelas, até ter sempre à mão os números de telefone para poder comunicar com alguém, principalmente com a GNR.

E nem faltou o alerta para os perigos da Internet, onde qualquer um pode cair no “conto do vigário”. É por isso que Vicência Quintas, adepta do Facebook, cortou de vez com as promoções. “Dantes, quando aquilo aparecia, eu ainda clicava para ver o que era. Mas começavam logo a pedir os meus dados. Cancelei tudo e avisei o meu marido para não aceitar nada sem me avisar. Quando quero alguma coisa, sou eu que procuro”, enfatiza.

Entre a plateia, uma das presentes lamentou a ausência da GNR em São Romão durante a noite. “Há algum tempo tínhamos aqui 12 e 13 militares. Hoje estou sozinha e ficou preocupada. Quando me vou deitar ainda olho para debaixo da cama a ver se não está ninguém”.

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