Sílvia Pinto já pediu uma reunião ao primeiro-ministro em nome de quem diariamente faz tapetes de Arraiolos. A presidente da Câmara quer recordar a Luís Montenegro como é difícil a vida das bordadeiras perante os baixos salários que auferem e como isso traduz uma ameaça para o futuro desta arte secular.
“O próprio primeiro-ministro sabe das dificuldades que encontrou quando visitou as bordadeiras em Arraiolos durante a campanha para a liderança do PSD”, nota Sílvia Pinto, para quem o caminho mais curto para assegurar a renovação geracional deverá passar por garantir mais rendimentos.
Alerta que ninguém é incentivado a trabalhar a troco de 200 ou 300 euros – o salário médio de quem se dedica a bordar – sugerindo que se apliquem em Arraiolos os benefícios fiscais, por exemplo, que contemplam as bordadeiras da Madeira.
Defende a autarca que a produção de tapetes em Arraiolos tem sido marcada pela “falta de vontade política” em torno da lei aprovada já em 2002 – promoção e valorização do tapete de Arraiolos – que continua sem ser aplicada.
Revela que ao longo dos 11 anos em que lidera os destinos de Arraiolos tem recebido várias garantias de agentes políticos rumo à ambicionada certificação, mas continua à espera. “Temos disponibilidade para fazer o que for necessário para que a lei entre no terreno. Em 2002 não tínhamos uma infraestrutura como temos hoje. O Centro Interpretativo de Arraiolos tem um espaço que facilmente acolheria o centro para promoção do tapete, sem grandes despesas para o Estado”.
Recorde-se que o tapete de Arraiolos já está inscrito no Inventário do Património Cultural e Imaterial, tratando-se de um passo essencial para ser registado na Unesco, estando a autarquia a ultimar mais algumas exigências com vista à candidatura a Património Mundial.