Já Marco Paulo estava impedido de cantar por recomendação médica, quando à boleia de uma conversa com a colega Ana Marques, no programa “Alô Marco Paulo”, na SIC, o cantor revelou que ia doar o seu património artístico a Mourão. E até já sabia que o acervo iria resultar num museu num antigo lagar da terra onde nasceu e foi batizado com o nome de João Simão da Silva.
A Câmara aguarda que se faça o luto pela morte do artista, que partiu há menos de duas semanas, para dar continuidade à vontade de Marco Paulo em doar parte do seu espólio ao Município. “Há galardões muito valiosos que ele quis que ficassem para a família”, revelou o presidente do Município, João Fortes, destacando, porém, que sobra ainda “uma panóplia de relíquias”.
Em entrevista à Hora do Café, na Rádio Campanário, o autarca relatou que quando esteve na casa de Marco Paulo percorreu o espólio que o cantor queria oferecer. “Só não vi os fatos que ele usava nos concertos, que também queria doar, mas vi os discos de platina, a medalha que o Presidente da República lhe deu, fotos, troféus”, descreveu, sublinhando que o desejo do cantor só não foi consumado devido ao estado galopante da sua doença, que levou o autarca a manter reservas.
“No dia em que o visitei percebi o amor que ele tinha a Mourão e ficámos de acertar os pormenores, através de uma minuta de contrato de cedência do acervo”, revelou o autarca, que disponibilizou a Galeria Municipal – num antigo lagar – para receber o espólio do cantor de “Maravilhoso coração” e “Eu tenho dois amores”, considerando João Fortes ser o espaço mais digno para acolher o acervo.
“Ele aceitou e ficámos assim”, enfatizou o edil, referindo que o agravar da doença o Município nunca mais abordou a questão, mas no dia do velório a própria família de Marco Paulo reforçou que o desejo do cantor era para concretizar. “Nesta fase o Município quer manter-se fiel à palavra que deu a Marco Paulo e pretende ceder um equipamento municipal. Ficamos à espera que a família volte ao nosso contacto ou iremos nós contactar com a família depois do luto”, vincou João Fortes.
Há ainda mais um desejo manifestado pelo cantor: que a receita do museu reverta para as crianças “menos abonadas” do concelho.