O recém-implementado tarifário da água do Alqueva revela alguma discrepância no preço das águas fornecida diretamente aos agricultores pela empresa gestora da barragem, a EDIA (Empresa De Desenvolvimento e Infraestruturas Do Alqueva), com os preços das águas fornecidas às associações de regantes.
Com o pico da seca cada vez mais próximo, as associações de regantes, que já haviam manifestado o seu descontentamento quando foram anunciados os tarifários, já tinha identificado o problema, prevendo-se que a discrepância de preços poderia trazer dificuldades às associações em acompanhar os preços praticados pela EDIA.
Na base do problema, as associações apontam para a falta de electrobombas no sistema de captação dos Álamos, em que os custos energéticos influencia a que os preços para as associações sejam praticados com um valor semelhante á venda direta com os agricultores.
A Rádio Campanário esteve á conversa com Manuel Reis, presidente da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO), que começou por referir o acordo da associação com a EDIA, que segundo o mesmo “não está a ser cumprindo”.
Alegando que na estação de captação dos Álamos “tem capacidade para seis bombas e só estão instaladas duas”, relembrando que “as culturas estão a exigir rega” devido ao aumento da temperatura.
Manuel Reis diz que a falta das electrobombas deve-se a “um investimento que deveria ter sido feito, em detrimento de outros”, sobre o qual indica que, a ter a totalidades das bombas, fornecia água em “horas de vazio (…) e ai podia baixar os custos energéticos em pelo menos 50%”.
“Facto é que estas bombas não estão a ter capacidade de entrega”, afirma o presidente da associação, indicando que “está a entrar muito menos (água)” do que o que havia sido acordado com a EDIA.
Segundo o presidente da ABORO, houve agricultores que reduziram a área de cultivo “tendo em conta preço da água” ou “optaram por não fazer algumas culturas”.
Quanto ao preço da água, Manuel Reis esclarece que o preço de venda da água para regadio da EDIA e das associações de regantes “está mais ou menos em linha”, onde existe a discrepância é no valor pelo qual a empresa gestora da barragem do Alqueva vende às associações, que considera “um preço elevado”, e vem provocar défice financeiro nas associações de regantes, que não têm capacidade de apresentar preços semelhantes aos da EDIA aos seus regantes devido á necessidade de bombear novamente a água.
A Rádio Campanário tentou contactar a EDIA, ao qual não obteve resposta.