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“O problema do Alentejo é que sempre fomos colocados na periferia”, diz autor na apresentação de «O Ensino no Concelho de Redondo» (c/som e fotos)

O décimo livro da coleção Cadernos d’ O Redondense, «O Ensino no Concelho de Redondo – Uma Perspetiva Histórica», foi apresentado no passado sábado, dia 4 de agosto, na Enoteca da vila alentejana.

José Calado, historiador e autor da obra, em declarações à Campanário, afirma que “as dificuldades sempre foram imensas quer para alunos quer para professores”.

A obra compreende o período entre 1878 e 1978 (com uma breve passagem pelos últimos 40 anos), sendo que em 1948 surgem no concelho as primeiras escolas “do Plano dos Centenários”, nas pequenas freguesias.

No final do século XIX, o concelho de Redondo apresentava uma população idêntica à atual, de cerca de 7 mil habitantes, mas apenas 16% sabia ler ou escrever (dados distritais).

“As escolas careciam de financiamento para a sua manutenção”, não existindo as condições que são atualmente apresentadas, e as crianças tinham que abandonar os estudos para contribuírem para o orçamento familiar.

“O problema do Alentejo é que sempre fomos colocados na periferia”, aponta, “as políticas que eram feitas em Lisboa também vigoravam aqui”, mas “demoravam mais anos a chegar”.

No que concerne a temas para um futuro livro, não considera o ensino nas últimas quatro décadas, defendendo a necessidade de distanciarmos do presente “para falarmos sobre o passado”. Por outro lado, defende que “os temas na história local não se esgotam”.

Uma das possibilidades prende-se com uma “segunda edição melhorada” do esgotado livro da coleção obre as Ruas Floridas, considerando “tudo o que já conseguimos a partir daí”.

O “antigo Teatro de Redondo […] que fez crescer muita gente” que ardeu em 1932 é outra possibilidade, aponta, avançando que para 2021, tencionam lançar “um grande livro e uma grande homenagem aos 500 anos da Misericórdia de Redondo”.

João Azaruja, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Redondo, entidade responsável pela edição destas obras, defende que enquanto antigamente o ensino formava pessoas, atualmente formata.

Apontando que “todos os períodos históricos têm o seu modelo de ensino”, defende a importância de educar para os valores, algo que considera que devia ser uma maior aposta da educação atual.

O dirigente considera ainda que antigamente “as famílias acompanhavam mais de perto a educação dos filhos, e hoje as famílias permitem que o ensino formate as pessoas”.

Iniciada em 2010, esta coleção vai no 10º número, esperando que para 2019 seja publicado o 11º, estando ainda o tema por definir, aponta o Provedor.

 

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