Em entrevista exclusiva à RC, D. Duarte Pio de Bragança, falou da sua relação com o novo Arcebispo de Évora, e partilhou algumas opiniões sobre a forma como atualmente a Igreja funciona e é percebida pelos fiéis e pela população.
O Duque de Bragança falava à RC à margem da entrada solene de D. Senra Coelho na Arquidiocese de Évora, afirmando que o prelado é “uma excelente aquisição para a Igreja portuguesa e nomeadamente para a Arquidiocese de Évora”.
Amigos de longa data, D. Duarte afirma que D. Senra Coelho possui “todas as qualidades espirituais […] culturais e inteligência” de fazer corresponder a mensagem de Deus, “às circunstâncias atuais”, numa linguagem percetível e adequada, sem ir “em modas”, nem “entusiasmos”.
Questionado se esta afirmação se prende com a necessidade de uma Igreja mais cautelosa, aponta o risco se perder “a unidade, a doutrina” da Igreja, perante “o hábito”, de cada pessoa “dar as suas opiniões sobre a vida da igreja”, levando a situações em que “dioceses diferentes no mundo” dizem “coisas contraditórias entre si. Neste sentido, declara-se “muito feliz porque temos finalmente um Arcebispo que segue as leis da Igreja e que não vai pôr-se a dar palpites sobre coisas que não lhe competem”.
Sobre alterações verificadas atualmente na Igreja, deprecia a arquitetura “chocante” conferida às igrejas modernas que têm vindo a ser projetadas “por arquitetos ignorantes e ateus”, descrevendo-as como “muito feias, pouco práticas” sem acústica, assemelhando-se “a armazéns”. D. Duarte Pio defende que nos sentimos “identificados com o estilo de uma igreja clássica”.
Relativamente aos crimes de pedofilia que têm vindo a envolver a Igreja, afirma apesar de sempre ter havido pessoas a tentarem abalar o seu nome, esta manteve-se firma ao longo de dois milhares e anos.
A continuidade desta, mesmo face aos “pecados das pessoas, de nós todos que estamos na igreja” demonstra que “a Igreja não é uma criação humana, mas é uma criação de Cristo”.
Desta forma, apela à participação de todos os católicos na preservação e proteção da Igreja, estando vigilante e eventualmente alertando os “superiores espirituais quando alguma coisa estranha ou imprópria está a acontecer”.
Mais acrescenta que os comportamentos e regras morais estão estabelecidos há mais de 2 mil anos, não sendo “justo” nem “correto” querer alterá-los.
“E quem não gosta da Igreja como ela é, pode ir embora”, afirma, apontando a existência de outras opções de culto, como ceitas, grupos, e Igrejas “que até são bastante respeitáveis”, como as ortodoxas ou anglicanas.