O II Congresso Ibérico de Doenças Neurológicas – Esclerose Múltipla (EM) e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), promovido pela APARSIN (Associação Portuguesa de Apoio e Reabilitação de Intervenção Neurológica), reuniu profissionais dos dois lados da fronteira no passado sábado (27 de outubro), em Elvas.
Com 8 mil casos em Portugal, a região Alentejo regista 200, o que representa uma prevalência com “muito pouco peso ‘reivindicativo’” aponta José Robalo, presidente da Administração Regional de Saúde, em declarações à RC.
Desta forma, “é importante que haja um conjunto de organizações que se preocupe especificamente com estes doentes”, afirma, defendendo o recurso a temas como a demência, que têm maior prevalência, para alavancar a atividade no que concerne a doenças mais raras.
“A saúde não se faz só com o Serviço Nacional de Saúde”
Avança não existirem na região neurologistas em “número suficiente para as necessidades da população”, o dirigente aponta ainda que, pela sua complexidade, a EM e a ELA “não podem ter uma resposta isolada”, mas também considerar aspetos como o social, o emprego, a educação e formação.
A criação de condições para estes doentes “às vezes não tem a ver com dinheiro, tem a ver com apoio”, e a APARSIN surge como “um bom exemplo de uma prática a multiplicar”.
João Moura Reis, presidente da ULSNA (Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano), aponta à RC que “este tipo de doença não pode ser tratado através da parte médica”.
Surge assim a necessidade de “haver uma abordagem estratificada por determinado tipo de profissões” que considere aspetos como a família e o cuidador.
Falta de profissionais “muitas das vezes é mais uma desculpa do que uma efetividade”
No que concerne aos recursos humanos necessários para a intervenção junto de utentes com estas doenças, aponta que a baixa prevalência da doença, faz com que muitas vezes se “atrase a estruturação da organização e isso é fundamental”, destacado ainda a importância de um envolvimento dos cuidadores no tratamento.
Nuno Mocinha, presidente da Câmara Municipal de Elvas, em declarações à RC, destaca a necessidade de as entidades apoiarem este tipo de iniciativas, afirmando que “temos que passar para a prática […] e dar um apoio efetivo a quem cuida destes doentes”.
“Temos que passar para a prática […] e dar um apoio efetivo a quem cuida destes doentes”
Realçando o esforço da APARSIN no desenvolvimento da sua atividade, o autarca firma o apoio do município, e aponta que “temos que ir mais longe, as administrações (neste caso a de saúde) também tem que dar aqui uma nota positiva” uma vez que a associação “pode levar à prática” aquilo que é uma preocupação da Administração Regional de Saúde.
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