Na passada sexta-feira, dia 9 de novembro, foi inaugurado em Vale do Pereiro (Arraiolos) um projeto de produção e comercialização de figos-da-índia biológicos, da empresa Pepe Aromas. A infraestrutura foi instalada na estação ferroviária que se encontra desativada há décadas.
A cerimónia contou com a presença Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, das Florestas e do Desenvolvimento Rural, que em declarações à RC afirma que se trata “de mais um projeto inovador […] de gente jovem que acredita no futuro e que busca novas oportunidades e novos nichos de mercado”.
“Muitas vezes o sucesso está nesta diferenciação”
O governante afirma que o figo-da-índia é um “produto endógeno que é pouco aproveitado”, e que tem “múltiplas utilidades” que devem ser consideradas.
Tendo arrancado em 2014, este projeto “não só está a ser colocado com sucesso no mercado interno, como parte da produção já está a ser canalizada para exportação”.
O facto de ser uma produção biológica surge como uma “vantagem competitiva” em mercados mais exigentes e “acresce qualidade” ao produto, permitindo que seja comercializado por um valor superior.
Susana Ferrão Mendes, sócia-gerente da Pepe Aromas, afirma à RC que a ideia partiu de uma visão conjunta com o seu irmão, da criação de um negócio no âmbito da agricultura, que fosse “sustentável do ponto de vista económico, mas também do ponto de vista ambiental” e que contemplasse a recuperação da antiga estação ferroviária.
“Tínhamos o projeto de fazer algo a nível agrícola que fosse sustentável”
O projeto encontra-se “implementado desde 2014”, tendo a venda ao público iniciada 2015/16 em mercearias para testar recetividade do cliente, e tendo-se seguido para “feiras internacionais” com “degustações”.
As exportações restringem-se atualmente a Espanha por questões de controlo de qualidade, mas “para o ano, em princípio, vamos um bocadinho mais longe”, avança.
Em 2018, a produção foi de 25 toneladas, sendo esperadas 40 toneladas para o próximo ano, “e ao 5º ano, 300 toneladas”.
Contudo, a venda do fruto fresco resume-se ao período de verão e “nenhuma empresa consegue sobreviver de 3 meses”, aponta, pelo que “estamos a tentar […] por na mesa das pessoas, figo-da-índia durante todo o ano”, com subprodutos como geleias e licores.
O projeto representou um investimento de cerca de “meio milhão de euros”, que contemplou a recuperação das infraestruturas e instalação dos pomares, tendo contado com “um prémio de instalação” no âmbito dos apoios a jovens agricultores.
Ao nível da empregabilidade, a Pepe Aromas procura “empregar pessoas mais velhas” considerando a demografia da região, sendo 12 funcionários em altura de campanha e “3 em modo permanente”. No futuro, pretende que sejam todos integrados a tempo inteiro.
Sílvia Pinto, presidente da Câmara Municipal de Arraiolos, aponta a esta estação emissora a satisfação do município quando os empresários encontram no território “todas as condições para poder avançar com um projeto inovador”.
“Na Câmara Municipal só podemos ficar satisfeitos quando os empresários vêm em Arraiolos a potencialidade que estes empresários viram”
Este projeto representa não apenas o aproveitamento de solos que são “ideais para esta cultura”, assim como “a recuperação deste património que é das infraestruturas de Portugal”.
José Joaquim Lopes, presidente da Junta da União de Freguesias de São Gregório e Santa Justa, destaca a dinâmica imprimida no território pela instalação da empresa.
Indústria permite “termos uma vida melhor as nossas aldeias”
O autarca espera que a Pepe Aromas permita que mais pessoas se desloquem à freguesia para trabalhar, combatendo o envelhecimento da população, para adquiri os produtos, ou para “investir noutras áreas”.
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