O fadista e poeta alandroalense José Fialho, esteve aos microfones da Campanário a falar sobre o seu novo trabalho «Alma Sentida».
O álbum “reúne uma série de poemas, de fados tradicionais”, e “é um esforço de continuidade do primeiro trabalho”, denominado Vivências, que considera necessárias para que “uma alma aprenda os momentos e os viva”.
Composto por 12 temas, o primeiro «A chorar eu aprendi», da sua autoria é inspirado na sua falecida esposa, com composições de Nuno Cirilo e Alexandre Gomes. O artista afirma que “a vida nos ensina a chorar”, esta é “aprendizagem que todos fazemos na vida”.
«Alma Sentida» será apresentado na Casa do Alentejo, em Lisboa, a 13 de abril, numa cerimónia que contará com a presença do seu padrinho de fado, Augusto Ramos e da sua afilhada de fado, assim como de amigos das Vozes do Fado de Sousel que se queiram juntar.
“A apresentação de um CD é uma festa do Fado mais do que do fadista que o vai apresentar”
José Fialho encontra-se a preparar um terceiro trabalho que surge como “uma forma muito simples, muito humilde, de manifestar gratidão pela forma como Vila Viçosa” o recebeu. Natural de Terena, considera a Vila Viçosa com a sua “segunda terra”, onde cresceu. Levantando um pouco o véu, avança que o álbum em preparação contém poemas dos calipolenses Florbela Espanca, José Rosa e Leolinda Trindade.
O artista dedica «Alma Sentida» a Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, e a Augusta Serrano, diretora da Rádio Campanário. Esta “é a forma de mostrar o meu reconhecimento por duas pessoas que me impressionaram extraordinariamente pela sua postura”, declara. A dedicatória a Marcelo Rebelo de Sousa surge por considerar que “nunca tivemos um Chefe de Estado que estivesse tão próximo do Povo”, tendo devolvido “a esperança a um povo um bocado desmoralizado, um bocado caído”.
“É a minha forma de dizer: Sr. Presidente obrigado por aquilo que foi, por aquilo que é e aquilo que está a ser para os portugueses”
A dedicatória a Augusta Serrano surge de “uma ligação de profunda admiração e de respeito pela pessoa que é”, assim como de admiração pela sua atividade, “contacto que tem com o povo” e a adaptação do discurso para “que a mensagem seja percebida por aqueles a quem se destina”.
Surgindo como o segundo trabalho de fado de José Fialho, o artista diz que em 1997 se deu este encontro entre a poesia, uma atividade que já praticava, nomeadamente com a sua esposa “em muita coisa de Lisboa”, e o fado. O fado entra na sua vida no âmbito de uma aposta cujo valor reverteu para “uma questão de solidariedade”, explica.
O fado revelou ter, à semelhança da poesia, “as suas regras, as suas técnicas” e necessidade de “haver algum cuidado com o próprio discurso”.
“Fado é uma história cantada”
Questionado se se sentia preparado para cantar o fado, José Fialho afirma que “emocionalmente sim”, contudo, faltava-lhe a técnica necessária para a “mensagem chegar ao outro lado”, tendo
“Toda a gente tem voz, sentimentos e pode cantar com alma” afirma quando inquirido se qualquer pessoa que queira se pode tornar fadista, requerendo que haja uma oportunidade “melhorar essa forma de expressão”.
Sobre novas sonoridades que têm vindo a ser introduzidas no fado, considera que têm vindo a “enriquecê-lo de uma forma que o torna mais vulnerável”.