No passado sábado (2 de fevereiro) celebrou-se o dia de Nossa Senhora da Purificação, padroeira do Seminário Maior de Évora. Em entrevista exclusiva à RC, D. Francisco Senra Coelho, Arcebispo de Évora, fala sobre a realidade dos seminários da arquidiocese, e dos desafios enfrentados pela Igreja para levar a mensagem até aos jovens.
D: Francisco Senra Coelho realça que nas comemorações do dia do Seminário que tiveram lugar em Évora a 2 de fevereiro, esteve presente o Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Joaquim Mendes. No decorrer da celebração da Eucaristia, o Bispo Auxiliar falou sobre o sínodo recentemente realizado em Roma, sobre a transmissão “de fé às novas gerações” e sobre a “experiência recente no Panamá. Ele é o Bispo que acompanha esta Pastoral da Juventude em Portugal”.
Os Seminários da Arquidiocese de Évora funcionam com “cerca de 45 jovens que querem seguir o caminho do sacerdócio”
Quanto aos seminários que funcionam na Arquidiocese de Évora, aponta “o momento feliz que o Seminário (Maior) vive com 23 alunos, oriundos de Évora, Beja, do Algarve e um grupo de 7 cabo-verdianos”. Em Évora funciona ainda “um seminário ligado às comunidades neocatecumenais” denominado Redemptoris Mater a funcionar com 11 alunos. A Casa Salesiana de Évora, onde funciona a residência e casa de formação para os seminaristas salesianos que frequentam o curso de teologia, “estão 4 alunos que vão ser padres salesianos”, e “estão a preparar-se mais 5 para entrar em teologia para o próximo ano letivo”.
O Arcebispo de Évora destaca a necessidade de os jovens que ingressam no seminário, chegarem com “uma formação mais intensa em português”, “introdução à música devido à formação específica” assim como “uma iniciação e introdução ao cristianismo e ao conhecimento da Bíblia”.
“Não vivemos um tempo fácil para propostas de valores, mas vivemos tempo de desafio, e vivemos com uma juventude que começa a estar cansada do superficial”
Questionado se nesse sentido, farão sentido apenas os Seminários Menores, D. Francisco Senra Coelho aponta que os jovens atualmente recebidos nos seminários, têm “mais maturidade” e “mais experiência de vida”, o que dificulta pôr-se à sua consideração “a doação de uma vida para sempre”.
Descrevendo a sociedade atual como “muito volátil, onde tudo é transitório”, afirma que “a proposta vocacional para ser padre que é para toda a vida, não joga muito facilmente nessas idades”.
O pré-seminário surge como um êxito, no âmbito do acompanhamento de jovens no Seminário Menor de Vila Viçosa, que “começam a dizer que querem ser padres”.
“O tempo que vivemos não é um tempo de hostilidade, é um tempo de alheamento e indiferença, porque não há conhecimento, não há encontro”
Neste sentido, o Arcebispo de Évora destaca a importância de ocorrer o encontro entre a Igreja e os jovens, porque quando este tem lugar, “a indiferença e o alheamento desaparecem, e há uma atitude de diálogo” e de curiosidade dos jovens pela mensagem da Igreja.
A dificuldade de comunicar com os jovens, é sentida não apenas pela Igreja, mas também pelas famílias, uma vez que estes passam mais tempo com os seus pares e com eles partilham diálogo e experiências.
“Nós gostaríamos que a proposta da fé estivesse também na paleta para que fosse possível escolher esta cor na pintura da vida”
É importante, aponta, “voltar a estabelecer a ligação, para que o diálogo intergeracional aconteça e nós possamos fazer a proposta”.