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Évora lança iniciativa Km0 de incentivo ao consumo de produtos locais, transformando-os “numa mais valia de valorização do território”, diz autarca (c/som e fotos)

Na passada sexta-feira (8 de março), decorreu em Évora o Lançamento da iniciativa Km0 no concelho, com assinatura do protocolo entre as entidades parceiras.

Esta iniciativa visa um consumo dos alimentos até 50kms do seu local de produção, aumentando a sua frescura, reduzindo a sua pegada ecológica e contribuindo para a criação de emprego.

Em declarações à RC, Ausenda Balbino, vice-reitora da Universidade de Évora, aponta que “este projeto é muito importante porque vai dinamizar a economia regional”.

Contudo, “a contratação pública impede que a Universidade vá diretamente ao produtor”, uma vez que obriga à abertura de concurso para aquisição de serviços, aos quais podem concorrer através da inscrição numa plataforma que envolve grandes despesas e burocracia.

“É um caminho difícil para as instituições públicas poderem implementar o km0”

Ausenda Balbino

Ainda assim, a dirigente destaca a importância da iniciativa “para a diversidade dos produtos locais e para o Alentejo”, considerando que os entraves poderão vir a ser ultrapassados.

Victor Lamberto, coordenador do Slow Food no Alentejo, aponta a esta estação emissora que existe uma “fraude que são restaurantes que dizem que produzem comida tradicional alentejana”, enquanto utilizam ingredientes provenientes de outras regiões ou países.

“Como é que podemos dizer que estamos a cozinhar um verdadeiro prato alentejano quando os ingredientes não vêm de cá?”

Victor Lamberto

Esta iniciativa que se encontra em fase de divulgação, “vai envolver desde os produtores, passando pelos transformadores, pelos consumidores”, e vai implicar “uma mudança de atitude”, em que a começa a haver uma preocupação “com a proveniência dos alimentos”.

Estes, sendo produzidos e consumidos a nível local, serão “mais de época”, recuperando inclusive “variedades únicas”, requerendo “menos embalagens, menos poluição”.

Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara Municipal de Évora, em declarações à RC diz que o Km0 “tem a ver com a sustentabilidade, com a cidadania […] com a valorização e desenvolvimento do interior”.

“A contratação pública está feita para beneficiar os grandes interesses económicos e não as pequenas e médias empresas”
Carlos Pinto Sá

Esta iniciativa incentiva os produtores locais à produção, garantindo-lhes saída para os seus produtos, transformando-os “numa mais valia de valorização do território”.

Quanto aos entraves colocados pela contratação pública para aquisição de produtos locais, o autarca aponta que nem 50% das compras das Câmaras são realizadas na zona de Lisboa, “porque são obrigadas por via da contratação pública”, estando esta estruturada para beneficiar “grandes interesses económicos” em detrimento dos “territórios do interior”.

Rui Espada, vice-presidente do Nere – Núcleo Empresarial da Região de Évora, aponta que a iniciativa irá “desenvolver Évora num mercado local” com produtores, transformadores e consumidores locais.

Km0 pretende “desenvolver Évora num mercado local”

Rui Espada

Para além das “barreiras” colocadas pela contratação pública, aponta outras averiguadas junto de produtores, como o transporte do produto até aos restaurantes.

O dirigente defende ainda que deveria haver uma ligação “entre os próprios produtores” para garantir a diversidade de oferta e sustentabilidade da sua produção.

Para além da Universidade de Évora, do Slow Food Alentejo, da Câmara Municipal de Évora e do Núcleo Empresarial da Região de Évora, assinaram o protocolo a Associação Comercial do Distrito de Évora, Turismo do Alentejo, Fundação Alentejo, GESAMB, e Centro de Formação Profissional do IEFP, podendo ser envolvidas outras entidades que se mostrem interessadas na promoção do conceito.

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