Decorreu esta sexta feira, 22 de novembro, na Biblioteca Municipal de Reguengos de Monsaraz o seminário “Ciganos e Literacia Digital: o caso de Reguengos de Monsaraz”.
Organizado em parceria pelo Centro Local de Aprendizagem (CLA) de Reguengos de Monsaraz e município local, o seminário tem por base uma investigação do estudante Carlos Medinas no âmbito do Mestrado em Relações Interculturais da Universidade Aberta, sobre as pessoas ciganas em Reguengos de Monsaraz e a sua literacia digital, no contexto das suas vivências.
A Rádio Campanário marcou presença e falou com Francisco Cabeça, patriarca da comunidade cigana reguenguense.
Francisco Cabeças começa por referir que “aqui tratam-me por cigano, mas Reguengos é diferente das outras terras todas, mas é normal”, acrescenta ainda que “é a minha etnia, sou cigano e sou cigano puro, não sou traçado”.
Questionado pela RC sobre as questões de integração no concelho, Francisco Cabeça considera que “o cigano em Reguengos não tem valor nenhum”.
Em questões de emprego, “o pessoal aqui só trabalha no tempo da azeitona, alguns tem trabalhado na Câmara, mas a maior parte das vezes que pedimos trabalho dizem-nos que não têm”, considera o patriarca.
Francisco refere que “eu sou o mais velho e quem manda no bairro sou eu, cada vez que existem problemas eu é que falo com o presidente e com os vereadores”.
O patriarca refere ainda que “tenho andado de volta deles para me arranjarem a casa de banho e nunca mais a arranjam”. Questionado pela RC sobre o porque de considerar que tem de ser a autarquia a fazer as obras, Francisco considera que “foram eles que as deram”.
Francisco Cabeças afirma que “este presidente não nos fez ainda nada”, referindo que “a Câmara tem de arranjar porque aquilo está tudo esburacado e agente não tem dinheiro para arranjar”, concluindo que “estamos ali a viver como os porcos”.