A classificação do complexo arqueológico dos Perdigões como sítio de interesse nacional foi assinalada no dia 23 de novembro no Museu Arqueológico do Carmo, em Lisboa, que funciona também como sede da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Na cerimónia esteve José Calixto, Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, Ana Paula Amendoeira, Diretora Regional de Cultura do Alentejo, e Miguel Lago, responsável da ERA Arqueologia, empresa que desenvolve para o Esporão o programa de investigação arqueológica dos Perdigões desde 1997.
O decreto de classificação do complexo arqueológico dos Perdigões foi publicado no Diário da República de 28 de janeiro deste ano. Este é o segundo monumento nacional do concelho de Reguengos de Monsaraz, após a classificação da Fortificação da Praça de Monsaraz em 1946, tendo o decreto passado a abranger toda a vila intramuros em 1971.
O povoado dos Perdigões situa-se a cerca de um quilómetro da cidade de Reguengos de Monsaraz e é um grande complexo de recintos genericamente circulares e concêntricos, definidos por grandes fossos escavados no subsolo, ocupando uma área superior a 16 hectares. Iniciado no final do Neolítico, há cerca de 5.500 anos, prolongou-se durante toda a Idade do Cobre e chegou ao início da Idade do Bronze, há 4.000 anos, altura em que ocorreram profundas mudanças sociais e cosmológicas que levaram ao seu abandono. O local terá assumido desde o início um importante papel na gestão das identidades locais, tornando-se num sítio de encontro para práticas ritualizadas.
No decreto de classificação como monumento é referido que “quer pelas suas dimensões monumentais e bom estado de conservação, quer pela excecionalidade dos materiais nele recolhidos, que identificam uma ocupação por um período superior a mil anos, quer ainda pela sua implantação e orientação, o complexo dos Perdigões deve ser reconhecido como um conjunto de superior relevância histórica, cultural e científica com elevado potencial de valorização”. De acordo com o documento, “o sítio inclui igualmente uma necrópole com diversos túmulos coletivos e um cromeleque do qual se conhecem pelo menos oito menires, supostamente dispostos segundo uma simbologia particular. É de destacar a singular ligação espacial e arquitetónica entre as áreas habitacionais e a necrópole, relativamente incomum nos contextos peninsular e europeu, apesar da zona de inumações estar genericamente enraizada no substrato cultural e religioso comum aos sepulcros de tipo tholos”.