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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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Patriarca da comunidade cigana de Borba conta a sua versão dos incidentes com os Bombeiros Voluntários no passado mês de novembro (c/som)

A assinatura do Contrato Local de Segurança, entre o Ministério da Administração Interna e o Município de Borba, na passada terça feira (7 de janeiro), contou com a presença do patriarca da comunidade cigana da cidade de Borba.

Aos microfones da Rádio Campanário, José Eurico Ventura, concede uma entrevista onde aborda os incidentes de novembro passado, bem como, as questões relacionadas com a habitação e emprego que afetam a comunidade cigana em Borba.

José Eurico Ventura começa por explicar que é o patriarca, ou seja, “os mais velhos têm de respeitar os mais novos, se não lhes dermos respeito eles não respeitam, eu como mais velho tenho de garantir isso”.

“Se os pais não derem respeito aos filhos, eles não vão respeitar os pais”
José Eurico Ventura

O Patriarca da comunidade cigana de Borba refere que “trabalhei muito com honra e vergonha para criar os meus filhos, os tempos eram outros, tínhamos muitas dificuldades no tempo do Salazar”, acrescentando que já reside em Borba “faz mais de 42 anos”.

José Eurico não sabe ao certo quantos elementos tem a comunidade de Borba, referindo apenas que “ultrapassamos a centena”.

Quando questionado pela RC se considera que ao chamarem-lhe cigano o estão a ofender, José Eurico é taxativo e diz “não me ofendo, faz parte daquilo que sou, sou cigano e com muito orgulho”.

A RC questionou o patriarca sobre os desacatos que ocorreram no quartel dos Bombeiros Voluntários de Borba, no passado mês de novembro, ao que nos foi dito “não existiu desacato nenhum”.

Para José Eurico “os Bombeiros é que aumentaram aquilo que não aconteceu”, referindo ainda que “já foi tudo explicado com uns senhores que vieram de Lisboa e de Évora”.

O patriarca relembra essa noite e conta-nos que “o envolvido é meu filho, ele tinha o meu neto desmaiado e estavam junto ao quartel dos Bombeiros, como é normal pediu socorro porque não podia levar o gaiato”, pedido de ajuda que foi “recusado”.

José Eurico acrescenta que “o meu filho até se ofereceu para pagar a ambulância, mas os bombeiros disseram que não e empurraram-no”.

Após este empurrão “o meu filho estava cheio de nervos e tinha o gaiato desmaiado, ‘aventou’ um murro ao bombeiro”, relata o patriarca.

“O meu filho estava cheio de nervos, tinha o gaiato desmaiado, não o socorreram e ainda o empurraram”
José Eurico Ventura

José Eurico desmente que tenham “partido janelas ou agredido mais elementos”, referindo que “os Bombeiros ao fecharem a porta é que partiram a vidraça”.

O patriarca afirma mais uma vez que “ninguém foi lá ofende-los, fomos pedir socorro”.

Para José Eurico estas situações são recorrentes, pois “todo o pássaro come o trigo e quem paga é o pardal, neste caso quem paga é sempre o cigano”, acrescentando que “aqui em Borba, quem paga é sempre o cigano, o cigano é sempre o mau”.

O patriarca afirma que “o cigano respeita qualquer pessoa, nós não matamos ninguém”.

“Os ciganos desenrascam qualquer pessoa que precise”
José Eurico Ventura

Questionado pela RC sobre as questões do emprego, o patriarca conta-nos que “na minha comunidade não está ninguém empregado”, acrescentando que “tenho lá raparigas com estudos que não são empregadas porque são ciganas”.

“Não nos dão emprego porque são racistas com os ciganos”
José Eurico Ventura

José Eurico relata que “recebemos as cartas com as ofertas de emprego, chegamos lá não nos aceitam porque somos ciganos”, o que o leva a questionar se “não seremos portugueses como os outros”.

O patriarca refere que “vêm os pretos, os chineses, os coreanos, seja lá quem for, dão-lhes todas as condições, aos ciganos ninguém dá nada”.

Naquilo que concerne ás habitações, José Eurico explica que “as casas foram dadas pelo Sá, quando ainda era presidente”, acrescentando que “não pagamos nada, as casas também não têm condições nenhumas, é só chapas, nem esgotos temos”.

“As casas de inverno são um frigorifico e de verão é um forno”
José Eurico Ventura

Ainda sobre os incidentes de novembro passado, questionamos o patriarca sobre a situação perante a lei do filho, principal envolvido nos desacatos, referindo José Eurico “não tem processo nenhum, ficou tudo resolvido”.

Para o patriarca “não lhe podiam fazer nada porque os Bombeiros estavam a acrescentar, pelo menos um dos elementos, eu sei bem o que aquilo é, o homem é um veneno”.

Questionámos José Eurico se a população pode ficar descansada quanto a novos desacatos, ao que nos foi dito “nunca existem desacatos, quem fez este barulho todo foram os bombeiros, não foi mais ninguém”.

O patriarca afirma mais uma vez “o meu filho estava cheio de nervos, tinha o gaiato desmaiado, empurraram-no e ele deu-lhe um murro, mas não existiu nada, não houve sangue não ouve nada”.

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