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Segunda-feira, Novembro 25, 2024

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Cancelamento das atividades na tenda “não teve impacto nos restaurantes, tenho tido casa cheia e vendido muito peixe do rio”, diz proprietária restaurante A Maria (c/som e fotos)

Teve início no passado fim de semana a XI Mostra Gastronómica do Peixe do Rio de Alandroal. Depois de consideradas as recomendações da Direção Geral de Saúde para eventos públicos o Município de Alandroal decidiu suspender toda a componente do evento em espaço coberto, em particular a tenda da Mostra, tendo mantido a vertente do evento nos estabelecimentos aderentes.

Neste sentido a Rádio Campanário visitou o restaurante A Maria, onde junto da sua proprietária começámos por avaliar o impacto do cancelamento das atividades na tenda.

A proprietária começa por referir que o cancelamento “realmente não mexeu com a procura ou a clientela”, acrescentando que “o presidente esteve cá hoje e pode constatar que eu aconselho as pessoas a comerem a minha caldeta”.

Maria afirma que “faço questão de dizer aos meus clientes que o meu peixe do rio não tem nada a ver com aquilo que estão habituados”, acrescentando que “não lhe coloco a caldeta na mesa e pronto”.

Para a proprietária é necessário “ensinar o cliente a comer o peixe, se assim não for, muitos nem querem provar porque pensam que o peixe do rio tem muitas espinhas”.

“Temos de ensinar o cliente a comer o peixe do rio, muitos não estão recetivos por causa das espinhas”
Maria

Ainda sobre o impacto do cancelamento das atividades na tenda da Mostra Gastronómica de Alandroal, Maria refere que “não me posso queixar, tive a casa sempre cheia durante o fim de semana e vendi imenso peixe do rio”. No entanto “é uma pena que as pessoas que gostam de vir almoçar ou jantar e depois visitam os pavilhões dos expositores, não o possam fazer”.

“Lamento que as pessoas não possam visitar o pavilhão por estar fechado, no entanto, não me posso queixar em termos de clientes”
Maria

Questionada pela RC sobre a composição da ementa do seu restaurante, a proprietária refere que “a ementa que tenho é sempre variada, ainda hoje a maior parte dos clientes não pediriam peixe do rio caso não os informássemos que está a decorrer a mostra gastronómica”.

No caso do restaurante A Maria “as pessoas vêm para comer a minha comida, não por causa do peixe do rio, nós é que fazemos a propaganda e aconselhamos o cliente a provar”.

“O peixe do rio para saber bem tem de ser comido com a mão, não é de garfo e faca”
Maria

Maria refere aos nossos microfones que “o reconhecimento deste restaurante é fruto da dedicação”, acrescentando que “não custa abrir, custa é manter”.

A proprietária afirma que “vivo numa prisão de porta aberta, uma vez que tenho a minha vida dedicada a este espaço e aos clientes”, referindo a importância “de sentir que o meu cliente abala daqui satisfeito, daí que tenha esta casa faz 30 anos e que ela tenha todo este reconhecimento”.

Em jeito de desabafo, Maria refere que “tenho pena que os locais não adiram ao meu restaurante, é algo que não percebo”, lembrando que “trabalho com qualidade e não consigo fazer pratos por 10€”.

“Como se diz em bom alentejano, trabalhar para aquecer mais vale morrer de fome”
Maria

Outra das questões que abordámos foi a origem e qualidade dos ingredientes, referindo a proprietária que “procuro sempre ingredientes com a máxima qualidade, são esses pequenos detalhes que tornam a minha comida diferente”, qualidade que acaba por se refletir nos preços praticados. Maria considera que “fazer uma casa destas no Alandroal é muito complicado, durante a semana o fluxo de clientes é muito menor, aos fins de semana é que trabalhamos muito bem”.

O restaurante recebe com frequência algumas distinções, como é o caso do livro “Boa Cama, Boa Mesa, onde saímos hoje, o que me deixou muito satisfeita”, declara.

A proprietária afirma que “A Maria não é só a Maria, existe uma equipa que permite obter estes resultados”, referindo que “nada sai da cozinha sem que eu veja se está em condições de ser servido ou não”.

“Sou muito exigente com as pessoas com quem trabalho, no entanto só assim é que consigo atingir o patamar de qualidade que tenho hoje”
Maria 

Por fim questionámos Maria sobre quais as formas de promoção que utiliza, tendo referido que “eu tive muita sorte, quando abri esta casa foram tempos muito difíceis, a promoção foi feita pela boca a boca”.

Esse boca a boca contou com algumas ajudas, “o primeiro cliente de Lisboa que tive foi o falecido ex-presidente da RTP, Soares Louro, que ao gostar dos meus pratos começou a recomendá-los a muita gente”, posteriormente “em 1997 saímos no Expresso, depois de uma visita do José Quitério, na altura não sabia quem era, mas percebi logo que se tratava de um cliente que sabia o que estava a pedir”, refere.

Maria considera que “apesar de todos os meios de divulgação que existem, a maioria dos meus clientes quando aqui chegam dizem logo que foram recomendados por alguém”, acrescentando que “o passa palavra continua a ser a maior divulgação desta casa”.  

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