Na sequência das nossas Orientações Pastorais de 10 de Março e atendendo à preocupante propagação do vírus, bem como às orientações do Governo e das Autoridades de Saúde, no fiel cumprimento ao que assumi com os meus irmãos do Episcopado da Conferência Episcopal e hoje mesmo apresentado em comunicado, sublinho a importância de termos em conta os seguintes procedimentos pastorais:
1. Sendo um dos maiores riscos para a propagação do vírus Covid-19 a concentração de pessoas, colaboremos proactivamente nesta luta pela defesa da vida humana, que sempre defendemos, suspendendotodo o tipo de Celebrações Comunitárias, nomeadamente da Celebração da Palavra e da Eucaristia;
2. No referente à celebração dos Sacramentos do Baptismo e do Matrimónio, e não podendo, por motivos válidos ser adiada, realizem-se unicamente na presença de familiares mais próximos;
3. Volto a lembrar que a Pastoral dos Funerais se reveste de especial sensibilidade e que deve ser celebrada na intimidade familiar. Recordo o que afirmei nas anteriores Orientações: “Apelo a um especial cuidado nas Celebrações das Exéquias, nomeadamente nos Velórios, para que também neste contexto se cumpram as orientações da DGS e da CEP”;
4. Conforme lembrei nas Orientações anteriores: “Estamos a viver o tempo da Quaresma e preparamos a Semana Santa, com celebrações próprias, nomeadamente Procissões, Vias Sacras, Celebrações Penitenciais, Lava-pés e Adoração da Cruz”, unido às últimas Orientações da Conferência Episcopal peçoque estas celebrações sejam canceladas. No referente às Celebrações Penitenciais, sejam adiadas, não negando o Sacramento da Reconciliação a quem o solicitar, salvaguardando todas as medidas de protecção;
5. No referente à Pastoral Social e da Saúde, sublinho o que já referi: “Tendo a Comunidade Cristã a missão de acompanhar os doentes, idosos e sós deve continuar a fazê-lo com solicitude, discernindo os modos de procedimento em cada caso concreto, respeitando todas as normas. Neste delicado ministério, manifestamos a nossa especial proximidade junto dos mais fragilizados pela doença e idade, bem como aos Párocos, Diáconos, Ministros Extraordinários da Comunhão e Visitadores de Doentes”;
6. O acolhimento e a procura são características do Discípulo Missionário da Esperança. Devem as Paróquias continuar disponíveis para este serviço, quer através dos seus Serviços de Atendimento Paroquial, quer do acompanhamento espiritual; lembro, porém, a todos os fiéis os cuidados de segurança de que se devem revestir estes encontros com os nossos Presbíteros, Diáconos e Agentes da Pastoral;
7. Atentos à séria ameaça do momento vivido por todos, também devemos acompanhar a sensibilidade da sociedade na suspensão de todo o tipo de reuniões, nomeadamente a Catequese, Grupos Paroquiais de Adultos e as atividades Escutistas e de outros Movimentos Eclesiais;
8. Com muito sofrimento pessoal me dirijo à querida Vigararia de Elvas, onde tenho estado em feliz experiência de Visita Pastoral. Porém, sinto o dever de contribuir para o bem da saúde pública adiando a mesma, até a retomar logo que possível. É com coração agradecido que manifesto a todos a minha sentida gratidão pelo trabalho empreendido na programação da mesma e pelos momentos com todos já partilhados. Com esperança anseio reencontrar-vos em breve;
9. Apelo, vivamente, a todos os Sacerdotes e Diáconos e às amadas comunidades religiosas que, mais do que nunca, valorizemos a oração do Ofício Divino pelo Povo de Deus. Aos Presbíteros recomendo que continuem a celebrar diariamente a Eucaristia rezando na sua intimidade por todo o Povo de Deus;
10. Nesta hora de provação recomendo aos Pastores que acompanhem pessoalmente os fiéis servindo-se de todos os meios que as novas tecnologias nos propõem. Na Eucaristia diária que celebro ter-vos-ei presente a todos e procurarei que a mesma seja transmitida diariamente através da Página da Arquidiocese e do Facebook às 19.00h;
11. Dirijo-me ao Povo Santo de Deus na certeza de que cada cristão viverá este tempo de prova em intensa união a Cristo Crucificado e Ressuscitado. Que cada um de vós seja Eucaristia vivente no meio do mundo e sinal vivo da esperança de que o Senhor nunca nos abandona. Sois chamados a mostrar o amor de Deus a todos os irmãos que se cruzam na estrada das vossas vidas;
12. Esta dolorosa experiência apresenta-se como um sinal dos tempos de que o homem não é Deus de si próprio nem a ciência e a tecnologia encerram a última palavra de Esperança. Para nós cristãos esta circunstância pode ser vivida como uma séria interpelação ao primado de Deus nas nossas vidas e à importância da vivência fraterna do mandamento novo do amor;
13. Com Maria permaneçamos ao pé da Cruz de todos os crucificados e saibamos ser um Sim de Amor constante a todos os sacrifícios que nos forem pedidos. Alarguemos a tenda do nosso coração a todos os que careçam de acolhimento e conforto e tenhamos colo sobretudo para os doentes, os frágeis e os sós. Com todos os que generosa e competentemente estão no terreno do combate desta ameaçadora pandemia nas suas missões profissionais,nomeadamente nos serviços de saúde, socorro, segurança e protecção, saibamos ser particularmente gratos atentos e colaboradores.
Évora, 13 de Março de 2020, no sétimo ano do pontificado do Papa Francisco
+ Francisco José, Arcebispo de Évora