Para toda a economia este tem sido um período difícil e de adaptação. Na restauração a situação não é diferente.
José Cuco, gerente do restaurante “Os Cucos”, em Vila Viçosa, em entrevista à RC fala sobre as dificuldades que tem sentido neste tempo de pandemia.
“Tem sido complicado porque não tínhamos a mínima noção do que é esta situação. Não tínhamos conhecimento, nem experiência anterior que nos pudesse dizer como iria ser”.
Refere que foi no início de março que no restaurante se começaram a aperceber dos efeitos que a COVID-19 poderia ter para o negócio, pois notou-se uma “quebra mas não muito acentuada”.
No entanto, revela que uns dias, antes da declaração do Estado de Emergência, “caiu completamente a pique” o número de refeições servidas.
“Já tínhamos um movimento um pouco mais fraco, mas aí caiu abruptamente. Fechámos no domingo, dia 15, depois de almoço” e, num dia onde normalmente se serviam “mais de 100 refeições”, entre as 12h e as 15h desse dia, horário de almoço no restaurante, “tivemos 22 pessoas a almoçar”. Mas no sábado, dia 14, que costuma ser “repleto de pessoas” apenas foram servidos dois jantares, conta José Cuco.
A perceção desses dois dias fez com que fechassem no domingo, dia 15, após o período de almoços e “aderimos ao lay-off”, do qual já receberam o primeiro pagamento.
Mais tarde começaram com o serviço de take away, mas o gerente explica que é uma situação diferente pois “não temos o feedback necessário para perceber se funciona bem”.
Conta que por vezes se fazem mais doses que aquelas que são necessárias e outras vezes menos e “se formos fazer contas dos custos havia dias que dava prejuízo”.
Quanto à abertura do restaurante após o fim do estado de emergência, José Cuco crê que “não vai ser nada fácil. Já sabemos que dentro desta conjuntura os próximos tempos não vão ser fáceis, mas uma coisa é não ser fácil, outra é podermos estar abertos e a ter valores negativos de caixa”.
Segundo o Plano de Desconfinamento do Governo, a partir de dia 18 de maio a restauração vai poder abrir novamente as suas portas, mas com lotação de 50% da capacidade do restaurante. O gerente garante que “Os Cucos” “tem condições” para esta reabertura, mas a sua questão é se as pessoas irão comparecer, “as pessoas têm necessidade de sair e falar, mas não sei se será para um restaurante, ainda estão apavoradas”.
Neste restaurante em Vila Viçosa, o gerente refere que têm estado em constante conversação com a AHRESP- Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, para que todas as medidas e normas que vão ser necessárias para a reabertura. No entanto, o gerente esclarece que em conversação com uma funcionária da associação, já foi informado para “não embarcarmos em compras supérfluas porque nada está decidido”. Revela que a AHRESP já elaborou um conjunto de possíveis situações e que neste momento não está previsto o uso de termómetros, nem acrílicos, por exemplo. Terá de se “desinfetar as mesas, portas e tudo o mais, mas não extravasar muito porque nada está decidido”.
Afirma que o restaurante depende muito do turismo e conta que “entre março, abril, junho e julho tínhamos por volta de 10 grupos de cerca de 50 pessoas e todos desistiram”. Existem ainda alguns que já tinham pago e que já remarcaram para outra altura, mas como há receio foram também feitas desmarcações e “vamos devolver o dinheiro às pessoas”.