“A chuva dos últimos dias ajudou mas não altera a previsão de uma quebra de 30% na produção de olival de regadio” diz Gonçalo Simões da Assoc. Olivicultores do Sul(c/som)
Setembro trouxe consigo alguns dias de chuva e a situação de seca que o país atravessa minimizou um pouco em algumas zonas de Portugal Continental.
Ainda assim, as expetativas para a produção do Olival de Regadio continuam a não ser muito animadoras.
A Rádio campanário falou com Gonçalo Simões, diretor executivo da Olivum- Associação de Olivicultores do Sul sobre esta questão e quais as previsões para a próxima produção.
Gonçalo Simões começou por nos referir “em termos de olival regadio e de produtores no perímetro de rega do Alqueva, prevê-se uma quebra de produção de 30% face à produção do ano passado.” Em 2021, foram produzidas 200 mil toneladas de azeite , o que corresponde ao maior recorde de produção de azeite no país, pelo que, tal como nos referiu o diretor da Olivum há duas condicionantes para a produção deste ano: “a primeira é a questão ser um ano contrassafra, ou seja, a seguir a um ano de produção verifica-se uma quebra de produção e, em segundo lugar, o facto de termos tido altas temperaturas.”
Ainda assim, acrescenta “o facto de ser uma cultura regada ,a principal variável não está tão ligada à seca mas sim ao facto de ser uma campanha contrassafra.”
A seca, com impatos mais fortes no Olival de sequeiro não deixa no entanto de afetar o olival de regadio, ainda que com menor dimensão.
Para Gonçalo Simões “é cada vez mais importante o país investir em infraestruturas que lhe permita ter água em anos de seca e não há melhor exemplo disso do que o Alqueva que num grande ano de seca está ainda com 65% da sua capacidade.”
A capacidade de água armazenada nas barragens é importante para a cultura de olival do regadio uma vez que, refere o responsável da Olivum “a água da chuva é muito importante, em primeiro lugar para encher barragens e depois porque é importante que a oliveira receba água diretamente.”
Para Gonçalo Simões “neste momento , numa altura em que se discute quais os principais investimentos a fazer no país, ninguém duvida de que são investimentos como o Alqueva que podem resolver o problema da água em Portugal, não só para consumo agrícola mas também para consumo humano.”
A chuva que caiu já este mês, conforme refere o diretor Executivo da Olivum “é sempre bem vinda, ajudou mas não mudou profundamente a situação atual nem a perspetiva da quebra de 30% da produção” acrescentando “precisávamos de chuva pelo menos durante os dois, três próximos meses.”
“Precisamos é que os padrões de pluviosidade do nosso país continuem a corresponder ao que era a tradição” acrescentou ainda.
A campanha vai começar a 15 de outubro e conforme adiantou Gonçalo Simões “só quando a azeitona começar a entrar é que vamos perceber o seu rendimento e a qualidade do azeite .”