A Campanário esteve à conversa com José Artur Batanete, empresário de Vila Viçosa proprietário da José Batanete Mármores e Granitos, sobre a crise de combustíveis que o país atravesse decorrente da greve das transportadoras de materiais perigosos, e a forma como esta afeta a região Alentejo e o setor em que o empresário desenvolve a sua atividade.
José Batanete afirma ter sido “apanhado desprevenido” tendo na sua empresa apenas “o combustível que está nas viaturas”. A falta de combustível não o deixará impossibilitado de laborar, afirma, mas ficará “limitado”. Tomou conhecimento da existência da greve quando esta já estava a decorrer, tal como a maioria da população, aponta, defendendo que se “soubessem, a pouco e pouco, talvez se fossem acautelando”.
As grandes empresas também poderão vir a não ser afetadas, considerando que dispõem de depósitos para a sua atividade, mas as reservas acabarão se a greve durar “uma semana ou duas”.
Se as reservas dos empresários acabarem, estes terão que parar a sua atividade “não têm outra solução”. Os prejuízos decorrentes serão elevados, “mas depois ninguém quer saber desses prejuízos”, declara.
A nível da região, esta crise de combustíveis far-se-á “sentir cada vez mais” a vários níveis e em diversos setores, nomeadamente da distribuição de alimentos.
Questionado se o alarmismo registado na população, traduzido em longas filas em postos de abastecimento e no esgotamento das reservas de várias gasolineiras, considera que “que não é exagerado, é um alarmismo real”. Estando a decorrer o período da Páscoa e aproximando-se um fim de semana prolongado, grande parte da população tem planos que estão agora condicionados. O dirigente afirma que “as pessoas se alarmam um pouco porque hoje em dia a vida está programada” de forma dependente da internet e do combustível.
Para as áreas metropolitanas do país, o Governo já decretou a medida de requisição civil, garantindo abastecimento mínimo para o funcionamento de entidades como os Bombeiros Voluntários, medida não estendida às restantes regiões do país. “O problema é que o Alentejo, comparado com os centros urbanos, não dá votos, e então somos esquecidos como sempre”, declara, avançando que esta situação se tem verificado há anos.