Neste ano pastoral 2018-2019, proclamado Ano missionário, celebramos o Natal com o olhar redobradamente atento, pois responder à convocatória missionária significa fazer nascer Jesus em tantos corações vazios e sem luz. Perceber que Jesus nasceu de uma Virgem, Aquela que vive totalmente em Deus e para Deus, em fidelidade incondicional e sem qualquer sombra de idolatria; perceber que Jesus nasceu, fruto de um Sim incondicional ao inesperado de Deus; meditar na entrega radical à missão atribuída pelo Altíssimo a São José; contemplar a proximidade de Deus na ternura daquela criança; saborear a beleza missionária de Maria, Modelo da Igreja, ao entregar Jesus aos pastores das campinas próximas de Belém e aos Magos, oriundos das longínquas periferias do Oriente; todos estes momentos celebrados no Natal, nos ajudam a perceber a missão e se constituem em Ícone missionário e desafio para nos deixarmos moldar pelo Espírito Santo, como Discípulos Missionários.
Neste ano em que a Igreja se propôs viver o grande acontecimento do Sínodo dos Bispos, dedicado ao tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, deixemo-nos interpelar pelo apelo dirigido pelos próprios jovens, desafiando a Igreja a ser sempre família, transparência e coerência. Em Belém, encontramo-nos com o primado absoluto de Deus, com a incondicional fidelidade à sua vontade, com a família que Deus constrói com os homens de longe e de perto, através da Família de Nazaré. Em Belém, tudo é família, transparência e coerência. Neste encontro com Belém, tornamo-nos Discípulos Missionários.
Ao celebrar convosco o primeiro Natal, como vosso Bispo, convido-vos a peregrinar, seguindo a estrela que nos leva ao Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. Na paz de Belém, em comunhão de corações, provemos o Amor de Deus, que o Emanuel nos mostra, e com este amor com que somos amados, amemos aqueles que são quotidianamente nossos próximos, fazendo, assim, acontecer Natal entre nós. Com a alegria, que nos vem da força libertadora do Evangelho, prossigamos, com renovada esperança, o nosso compromisso missionário, pois “[…] Jesus veio para nos libertar das trevas e nos dar a luz. N’Ele manifestou-se a graça, a misericórdia, a ternura do Pai: Jesus é o Amor feito carne. Não se trata apenas de um mestre de sabedoria, nem de um ideal para o qual tendemos e do qual sabemos estar inexoravelmente distantes, mas é o sentido da vida e da história, que pôs a Sua tenda no meio de nós” (Papa Francisco).
Neste Natal, desejo estar unido a todos os sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas e famílias cristãs. Convosco, renovo o Sim à missão. Neste Natal, desejo estar próximo de todos os que sofrem e, com eles, partilhar a esperança de dias melhores. Uno-me aos doentes, aos sós, aos que vivem momentos de carência, perca e abandono, aos migrantes e aos privados de liberdade, a todos os que se sentem periferia social e existencial da sociedade e da Igreja e, por vós, elevo a minha oração a Deus e me empenho na edificação de um mundo humanizado. Votos de Santo Natal para todos!