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Terça-feira, Outubro 22, 2024

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A moda que o Pedro mais gosta é a do jipe. Mas o importante é o Cante ir à escola

A moda sai em tom acelerado para o microfone do repórter. Mas Pedro faz-se entender. A “meia quadra” fala que “lá vem jipe” e assegura que “é um jipe novo”. O ensaiador sorri, enquanto tenta ajudar. “Eu gosto de cantar, mas ainda não sei se vou para o grupo coral”. Também não é isso que mais importa na aposta que Ourique está a desenvolver nas escolas do concelho para assegurar que o mais relevante é pôr gente nova a puxar pela voz e manter ouvidos à escuta.


O pequeno Pedro foi uma das crianças que esta terça-feira “alinhou” pelo grupo coral de Ourique, que se deslocou à Casa do Alentejo, em Lisboa, para sublinhar o peso que o Cante conquistou desde que há dez anos alcançou o estatuto de Património Mundial, ao ponto de cativar os mais novos.

José Diogo Bento é o formador de Cante de serviço, que acompanha o grupo de crianças ao som da viola campaniça. “Há dez anos era impossível fazer uma coisa assim. Hoje há um trabalho em Ourique, onde o Município e o Agrupamento de Escolas juntam mais de 200 miúdos à volta do Cante”, diz. Do pré-primário ao 4º ano do 1º ciclo.
Assume que o objetivo da música tradicional alentejana ir às salas de aulas “nem é tanto formar cantadores” mas antes “incutir o interesse pelas tradições”.

Um “orgulho” para o presidente do Município. Marcelo Guerreiro afina pelo diapasão de José Diogo Bento. “É um investimento que fazemos na preservação do Cante. A melhor forma é transmitir estes valores às crianças e aos jovens. tem sido um caso de sucesso e já fomos distinguidos com vários prémios”, diz o autarca, sem perder de vista como esta aposta já tem funcionando como “rampa de lançamento” para que novas vozes ganhem espaço nos grupos corais da terra.

O próprio presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT), José Santos, aplaude a entrada do Cante no currículos escolares, após assistir à atuação das “jovens promessas”, como que a garantirem que há futuro no horizonte. Isto, enquanto a ERT apresentava o calendário de iniciativas que vão decorrer em várias localidades da região para assinalar, com pompa e circunstância, a classificação da Unesco há dez anos.

Escutemos José Santos, presidente da ERT: “era fundamental assinalar estes dez anos de reconhecimento internacional”, enfatizou o dirigente, para quem a classificação representa um “ícone do Alentejo”. José Santos assume mesmo que o Cante “traduz aquilo que é o encontro entre a herança cultural, o passado e as tradições com uma ideia de futuro para a região”.

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