Paolo Savchuk tem 66 anos e está em Portugal há 22 anos, vinte dos quais a trabalhar no Alentejo, numa herdade em Bencatel.
Em entrevista à Rádio Campanário, conta-nos que saiu do seu país porque “a vida ficou muito pobre, não tinha trabalho nem de dinheiro” acrescentando que “nessa altura muitos compatriotas decidiram sair da Ucrânia.”
À data, em Portugal, preparava-se a Final do Europeu de futebol e era uma janela de oportunidade para uma vida melhor pois conforme refere “existiam muitas obras e precisavam de pessoas para trabalhar.”
Não veio sozinho para Portugal, consigo trouxe a esposa, mas uma parte de si ficou na Ucrânia. Foi lá que deixou um filho e uma filha para além de outros familiares mais diretos. Atualmente a família já aumentou e no seu País de origem também já tem netos.
Perguntámos a Paolo Savchuk como olha para esta invasão da Rússia ao seu país e, sem medos, responde prontamente “quando caiu a União Soviética ficaram 15 países independentes mas só no papel porque os Russos não queriam largar estes países” acrescentando com revolta que “nos últimos tempos o Presidente Russo Vladimir Putin ameaçava todos os ucranianos e dois dias depois de ter reconhecido a independência separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, começou a guerra na Ucrânia.”
Na opinião de Paolo Savchuk “na cabeça de Putin sempre esteve anexar a Ucrânia.”
Viver todo este conflito à distância de milhares de quilómetros é angustiante e conta-nos que “a cada dia que passa, eu e a minha mulher ficamos cada vez mais nervosos, a alma começa quase a chorar porque estou sempre a receber mensagens, vídeos de lá, e ficamos muito preocupados.
Os filhos, estão para já numa zona ainda segura, no entanto conta-nos que “tem familiares em zonas onde já estão a ocorrer bombardeamentos.”
Apelida o governo russo de “bandidos e ditadores” e recusa-se a voltar a nomear o nome do Presidente do país agressor dizendo “ele não merece, é um tirano feio, um assassino, um paranóico obsessivo, um louco” sublinhando que “com esta guerra este louco mostrou ao mundo a supremacia das armas negligenciando a supremacia do direito.”
Perguntámos-lhe por último, se desde que esta guerra eclodiu, se em algum momento pensou voltar ao seu país. Paolo Savchuk não hesitou na resposta “se eu tivesse hipótese e liberdade para o fazer voltaria logo“ acrescentando que “não pode esquecer tudo o que viveu no seu país, as suas memórias de lá , o local onde nasceu , a sua pátria e isso fica sempre na alma.”
Com emoção conta-nos ainda que amanhã “o meu filho vai passar a voluntário e vai ajudar a lutar pelo nosso país”, um misto de emoções porque ao mesmo tempo que sente orgulho sente preocupação e medo.
Paolo Savchuk não acredita num possível entendimento entre a Rússia e a Ucrânia e justifica-o dizendo “porque enquanto as pessoas vão falando as armas continuam a trabalhar.”
Orgulhoso do povo ucraniano e da forma como o povo da Ucrânia reagiu a esta ofensiva refere-nos “quem vai lutar contra aquele agressor? Somos nós os primeiros e isso deixa-me muito orgulhoso.”