Maria Isabel é proprietária de uma Casa de Rações em Terena, no concelho de Alandroal.
Com a sua idade conta-nos que apesar de ser natural do Alentejo, aos 12 anos partiu para Lisboa, no entanto, anos mais tarde, acabou por regressar.
Como tantos outros negócios espalhados pelo país também ela sentiu a diminuição de clientes e de vendas. Ainda assim, não baixou os braços e neste momento, no seu estabelecimento, podemos encontrar um pouco de tudo.
Apesar disso, Maria Isabel queixa-se que “tenho dias aqui que não se faz nada e tenho aqui um bocadinho de tudo à venda. As pessoas vão pedindo e vou comprando. “
A este propósito acrescenta mesmo “Se vendesse só rações já tínhamos fechado a porta porque não se vende” considerando que “as pessoas não têm poder de compra”.
Apesar das dificuldades Maria Isabel não perde de vista os valores pelos quais se rege, nomeadamente a solidariedade e afirma “ás vezes tenho coisas para pagar para o fim do mês, estou à espera que as pessoas paguem, e depois vêm pedir para pagar no mês seguinte, mas também tenho que ajudar as pessoas. É muito complicado.”
Nesta conversa Maria Isabel manifesta-se também preocupada com o facto de não chover e nas suas memórias do Alentejo de outros tempos recorda “o Guadiana, porque sou de Juromenha, estava sempre cheio e limpo, agora vai ficando raso” mostrando-se preocupada com os agricultores e, em especial com quem tem animais.”
Considera que a chuva é precisa, mas sublinha “não somos nós que mandamos. A chuva só deus sabe.”
Apesar das dificuldades não perde a esperança e refere “Quem tem fé não perde a esperança, deus manda sempre na devida altura, estamos com esta preocupação toda, mas sinto que há sempre uma luz.”
