A Polícia Judiciária (PJ) e o Cuerpo Nacional de Policia, de Espanha, com o apoio da Europol, desenvolveram duas operações policiais, em ambos os países, que resultaram no desmantelamento de uma rede criminosa transnacional dedicada à introdução de grandes quantidades de cocaína no continente europeu e na qual foram detidos 25 cidadãos de diversas nacionalidades.
De acordo com a informação da Polícia Judiciária, em Portugal, a operação “FÓSSIL”, desenvolvida pela Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ, traduziu-se na “detenção de 6 cidadãos, na realização de 9 buscas domiciliárias e, ainda, na apreensão de vários bens, nomeadamente, cinco automóveis de gama alta, elevadas quantias de dinheiro em numerário, material informático, documentação e pequenas quantidades de droga e anabolizantes.”
A operação, que permitiu a detenção de 25 pessoas -19 em Espanha e 6 em Portugal-, contou com um destacamento coordenado da Polícia Nacional em todo o território nacional na qual participaram agentes de Madrid, Barcelona, Bilbao, Cuenca. e Plasencia (Cáceres)
Segundo o comunicado entretanto avançado pela polícia nacional (PN), a organização – altamente especializada na introdução de carregamentos de cocaína na Europa – “utilizava aviões privados fretados e os seus membros tinham numerosos contactos para enviar e receber carregamentos de cocaína. A rede criminosa voltou-se como fonte de financiamento para empresários de origem chinesa, conhecidos como hawalers, que tinham capacidade económica suficiente e uma estrutura que operava a nível mundial para realizar compensações de crédito fora do sistema financeiro legal.”
As primeiras investigações, iniciadas em junho de 2023 em conjunto entre a Polícia Nacional e a DEA dos EUA, centraram-se nas atividades de um cidadão colombiano residente em Madrid que, alegadamente, liderava uma importante organização criminosa dedicada à importação de grandes quantidades de cocaína.
A partir desse momento, os esforços policiais permitiram “começar a identificar os membros da rede – muitos deles residentes no estrangeiro – bem como conhecer o papel desempenhado por cada um deles e detectar os projectos ilícitos que estavam a ser desenvolvidos.”
À medida que a investigação avançava, “os agentes constataram que se tratava de uma organização criminosa altamente especializada na introdução de esconderijos de cocaína na Europa, cujos membros mantinham numerosos contactos para a saída do entorpecente de diversos pontos da América do Sul e para a sua recepção em diferentes cidades europeias. . Para transportar as drogas utilizavam aviões particulares fretados por empresas privadas, o que dava aparência legal à atividade ilícita. Por outro lado, as investigações confirmaram que todos os membros da rede fizeram do tráfico internacional de cocaína o seu único meio de subsistência, sem exercerem qualquer actividade laboral legal e que, além disso, lhes permitiu manter um elevado nível de vida.”
Passados vários meses, lê-se no comunicado “os agentes confirmaram que a organização tinha acesso a vários aeroportos europeus como ponto de entrada para carregamentos de cocaína, sendo um deles na cidade portuguesa de Beja. Lá a rede contava com uma grande estrutura, razão pela qual os seus membros realizaram inúmeras viagens a Portugal.”
Tendo em conta todo o processo de investigação desenvolvido, “o passado mês de janeiro, a Polícia Nacional e a Polícia Judiciária portuguesa realizaram uma operação conjunta que permitiu identificar uma conspiração de funcionários corruptos que atuavam, sob a direção de um cidadão português, no aeroporto comercial de Beja. Nessas datas, os agentes souberam que a organização tinha lançado o seu primeiro avião fretado de Barranquilla (Colômbia) para o Aeroporto de Beja (Portugal), a bordo do qual se encontravam vários dos seus membros, bem como pilotos contratados para o efeito. No entanto, e apesar do extenso dispositivo estabelecido, os esforços policiais confirmaram que o referido avião não tinha podido ser carregado com cocaína em Barranquilla, o que provocou perdas económicas para a organização que ultrapassaram os 500.000 euros.”
Como resultado da investigação, ” foram apreendidos 460 quilos de cocaína, uma arma curta, mais de 500 mil euros em dinheiro, 18 veículos e 45 terminais móveis – a maioria deles encriptados; Foram também bloqueados 8 imóveis avaliados em mais de 1.650 mil euros e 80 contas bancárias com saldo de 660 mil euros.”