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Alentejo: Albufeira de Campilhas sem campanha de rega por estar “vazia”

A campanha de rega de primavera/verão a partir da albufeira de Campilhas, no concelho de Santiago do Cacém (Setúbal), não vai ser realizada devido à seca, afetando 2.000 hectares, revelou hoje um responsável da associação gestora deste perímetro.

 “A albufeira está vazia” e “temos 2.000 hectares que não vão ser feitos”, revelou à agência Lusa Ilídio Martins, diretor-adjunto da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e São Domingos (ARBCAS).

A instituição, sediada na freguesia de Alvalade, em Santiago do Cacém, fornece água para rega em 6.000 hectares neste concelho e nos municípios de Odemira e Ourique (no distrito de Beja), através de várias albufeiras, como Campilhas e Monte da Rocha.

De acordo com os dados divulgados hoje pela ARBCAS, a albufeira de Campilhas tem armazenado apenas 4,1% do seu volume total.

Como esta albufeira “não faz abastecimento público, é só a agricultura que sai afetada, mas, em termos ambientais, também é muito mau que isto continue assim”, observou Ilídio Martins.

A solução para o crónico problema de falta de água em Campilhas pode passar por uma ligação a Alqueva, apontada “como uma das prioridades” no estudo “Regadio 20|30 – Levantamento do Potencial de Desenvolvimento do Regadio de Iniciativa Pública no Horizonte de uma Década”, apresentado em dezembro pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA).

Esta ligação “ainda está numa fase de intenções e de estudo e não tem projeto sequer”, mas “há um consenso entre as partes de que é essencial”, disse Ilídio Martins.

A ARBCAS gere igualmente o perímetro a partir da albufeira do Monte da Rocha, no concelho alentejano de Ourique, que está com 15,4% do seu volume total.

Neste caso, a próxima campanha de rega será assegurada, em parte, por água proveniente do Alqueva.

Aqui, a água do Alqueva não chega a entrar no Monte da Rocha, uma vez que essa ligação só será concretizada “em 2025”, mas sim por “uma ligação precária” ao canal que fica “a meio do aproveitamento”.

 “Não sei se os agricultores vão aderir, pois, o custo é muito elevado, mas pelo menos existe essa possibilidade”, acrescentou Ilídio Martins.

O diretor-adjunto da ARBCAS reconheceu que, “nos últimos anos”, a seca é uma realidade com que os regantes desta região têm de lidar.

“Nos últimos cinco anos, nunca fazemos a área que as pessoas pretendem fazer, é sempre menos, pois, a água não tem sido suficiente”, frisou.

O Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) considerou “muito provável” que a seca meteorológica se agrave em Portugal continental durante o mês de fevereiro, assinalando que piorou durante o mês de janeiro.

Num boletim divulgado na quinta-feira, o IPMA indicou que a seca, que começou em novembro passado, “mantém-se e agravou-se à data de 25 de janeiro”, com 54% do território em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema.

Na terça-feira, a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) disse estar a monitorizar os efeitos da seca nos aproveitamentos hidroagrícolas e a acionar os planos de contingência nas zonas mais afetadas, considerando a situação “preocupante”.

O diretor-geral de Agricultura, Rogério Ferreira, apontou à Lusa que os “pontos mais críticos” e sob “maior pressão” são as zonas de Odemira, no Alentejo litoral, e do Algarve.

C/Lusa

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