Peso do turismo na economia da região tem vindo a crescer e Alentejo espera que no pós-pandemia tendência acelere.
Sustentabilidade ambiental, cultural e económica tem sido os pilares do turismo do Alentejo. A atividade turística vinha a crescer na região até à pandemia, elevando o seu peso para a economia local. As características intrínsecas a este território fizeram com que fosse um dos mais procurados no ano passado e a Páscoa de 2021 parecia abrir a porta na mesma direção. Mas as restrições que vão estar em vigor acabaram por ditar o cancelamento de grande parte das reservas. Ainda assim, a Região de Turismo do Alentejo espera que a pandemia dê trégua a partir de maio e o “turismo interno comece a reativar-se e que rapidamente adquira um fluxo considerável”.
O Alentejo conjuga planície e praia, permitindo distanciamento social, uma das mais-valia que permitiu a este território ter sido um dos que menos perdeu em ano de pandemia. “O Alentejo não escapou à grande quebra na procura turística que se verificou, não só em Portugal mas em todo o mundo. Apesar de tudo o Alentejo foi a região portuguesa que menos sofreu. A quebra turística na nossa região em termos de dormidas foi de 37,4% face à média nacional de 63%. E mesmo durante o verão o número de dormidas de portugueses na região foi quase igual ao do ano de 2019”, diz Vítor Silva, presidente de Região de Turismo do Alentejo, ao Dinheiro Vivo.
Os números ilustram um crescimento em número de hóspedes e dormidas pelo menos desde 2013 até 2019, ano em que a região contou com 1,6 milhões de hóspedes nas unidades de alojamento para turistas e 1,8 milhões de dormidas, sobretudo de residentes (dados do INE).
No ano passado, devido à pandemia, traduziu-se numa quebra elevada para o turismo em Portugal, mas o Alentejo foi o que menos caiu. Contou com quase 896 mil hóspedes e 1,8 milhões de dormidas, sobretudo de portugueses, ficando em número de hóspedes próximo do nível de 2014 e as dormidas de 2015. Os dados recentemente divulgados pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) mostram que o Alentejo foi quem teve a taxa de ocupação mais elevada a nível nacional em 2020 e onde o preço médio por quarto (nos período de abertura) foi o mais elevado a nível nacional (110,71 euros).
Vítor Silva admite que 2021 começou com o pé esquerdo e “o período que vai até ao final da Páscoa vai estar quase completamente perdido”. Não esconde que há muitas unidades de alojamento encerradas mas que “tinham a expectativa de reabrirem a partir da Páscoa e o número de reservas que tinham era elevado”, marcações essas que foram canceladas quase na totalidade.
A partir de 26 de março e até 5 de abril está proibida a circulação entre concelhos, no âmbito das restrições em vigor devido à pandemia. “Temos esperança que a situação pandémica permita que a partir de maio o turismo interno comece a reativar-se e que rapidamente adquira um fluxo considerável. Quanto ao turismo externo não esperamos uma retoma significativa até ao verão. No segundo semestre é expectável que os turistas estrangeiros já comecem a visitarmos em número razoável. De qualquer modo penso que o turismo externo vai este ano limitar-se ao continente europeu”, acrescenta.
Peso na economia
O crescimento gradual do número de visitantes tem reflexos no peso em que o turismo tem para a economia alentejana. Vítor Silva reconhece que esta atividade “já tem um peso significativo na economia”. “No final de 2019, em termos de VAB [valor acrescentado bruto], esse peso era cerca de 16%. Como o seu crescimento tem sido constante, prevemos que tal continue a acontecer, desde que mantenhamos as linhas estratégicas que nos têm norteado, baseadas na sustentabilidade ambiental, cultural e económica”, acrescenta.
Por isso, a região tem “estado permanentemente ativo” junto de potenciais turistas e operadores internacionais e nacionais, com o objetivo de “manter o Alentejo vivo na mente das pessoas” de forma que quando a situação sanitária permita viajar as campanhas promoções sejam ativadas para convidar os turistas. “O Alentejo tem assistido a um aumento significativo da oferta turística desde há mais de uma dezena de anos, aumento esse que tem andado a par da procura. E não falo apenas em termos de alojamento, mas também de empresas de animação, de restaurantes, de enoturismos e até de oficinas de artesanato”.
In Dinheiro Vivo