O Alentejo e a cultura popular estão definitivamente na moda, prova disso mesmo é a corrida, de diversas artes e ofícios desta região, a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO. Toda a euforia começou em Novembro de 2014, quando o Cante Alentejano foi elevado a tão importante galardão, precisamente três anos depois de o Fado ter sido declarado como tal.
O cante alentejano junta-se, assim, ao fado e à dieta mediterrânica, classificados em 2011 e 2013, respetivamente. Era uma das 48 candidaturas submetidas à 9ª Sessão do Comité Intergovernamental da UNESCO para a salvaguarda do Património Cultural da Humanidade. O cante, uma expressão coral sem recurso a instrumentos que incorpora música e poesia, está agora salvaguardada por esta nomeação, mas também pela gradual inclusão do seu ensino nas escolas regionais, assim como pela transmissão geracional.
Mais recentemente, em Agosto, foi entregue o dossier da candidatura das Festas do Povo de Campo Maior a Património Imaterial da Humanidade que, será feita em 2017 pelo Governo Português, sendo que, o Alentejo tem a concurso mais tradições, nomeadamente os chocalhos das Alcáçovas, a pesca artesanal de S. Torpes e os tapetes de Arraiolos. Estas candidaturas têm como principal objetivo servir de meio facilitador, para o alerta e para a prevenção de situações de risco tais como acontece com a possível extinção da arte chocalheira.
Recordemos que o reconhecimento da candidatura da arte chocalheira pode acontecer já em Novembro deste ano, durante a 10.ª Reunião da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, na Namíbia.
Mas afinal, porque correm todas estas tradições a Património Imaterial da Unesco? Podemos encontrar a resposta nas linhas da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial aprovada no dia 17 de Outubro de 2003, que reúne os seguintes objetivos: salvaguardar o património cultural imaterial, estimular o respeito pelo património cultural imaterial das comunidades, dos grupos e dos indivíduos, sensibilizar, a nível local, nacional e internacional, para a importância do património cultural imaterial e do seu reconhecimento mútuo e por último, promover a cooperação e o auxílio internacionais, no quadro de um mundo cada vez mais globalizado que ameaça uniformizar as culturas aumentando simultaneamente as desigualdades sociais.
Em suma, trata-se sobretudo da elevação do Património Imaterial como gerador da diversidade cultural e garante do desenvolvimento sustentável, ao mesmo temo que se promove a sua preservação e continuidade, entre e para as gentes.