A região Alentejo encontra-se inserida no projeto ibérico LIFE + Nature Guardians, que visa “dar apoio às autoridades” que lidam com situações de crimes ambientais, diz a esta estação emissora Joaquim Teodósio, Coordenador do Departamento de Conservação Terrestre da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), parceira em Portugal.
“A nível da natureza, a impunidade é das principais ameaças à sua conservação”
O projeto pretende contribuir para evitar que “estas situações passem impunes sem encontrar os prevaricadores e sem os culpabilizar”. É importante que sejam levados a responder perante o tribunal pelo crime cometido, contudo, “não existe ainda sensibilidade por parte dos intervenientes para […] avaliar as suas implicações”, aponta.
Os crimes ambientais “colocam em causa um bem que é de todos nós, que são os bens naturais”, prejudicando “aves e habitats protegidos”
Quando se fala em crimes ambientais, ganha destaque “o uso de veneno que tem implicações muito graves”.
Este é frequentemente utilizado “para matar espécies selvagens” como águias, abutres ou lobos, “ou para matar espécies domésticas”, como cães ou gatos de vizinhos, exemplifica, “e pode colocar em causa a nossa própria pessoa, pode causar contaminação de recursos hídricos, do solo”.
Outros crimes ambientais de destaque são a “utilização de armadilhas ilegais para capturar espécies protegidas, o tráfico de espécies protegidas”, assim como o roubo dos seus ovos.
A SPEA, como entidade parceira do projeto em Portugal, trabalhará com “instituições que lidem com situações de crime ambiental”, como a GNR, PSP, ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e Florestas).
“Todos nós podemos contribuir para que o crime ambiental reduza e cada vez mais tenha consequência para quem o pratica”
A sua ação será direcionada ainda para “ajudar em temos de formação e de sensibilização” da parte administrativa, judicial para amenizar a impunidade destes crimes, assim como “sensibilizar a população para os problemas que os vários tipos de crime ambiental podem trazer”, fomentando a denúncia de situações.
Também na região Alentejo, à semelhança do que se verifica na Península Ibérica, se verifica predominância do recurso a veneno, com consequências negativas para a fauna e flora.
“O veneno, sem dúvida, é um dos nossos principais inimigos”
O coordenador aponta que este facto está bastante evidenciado no trabalho realizado no âmbito de um outro projeto denominado Life Imperial direcionado para a proteção e conservação da Águia Imperial.
O projeto Life+ Nature Guardians é desenvolvido em parceria com Espanha, terá uma duração de 4 anos (até 2022) e as suas ações em Portugal serão financiadas em cerca de 250 mil euros, provenientes do programa LIFE da União Europeia e do Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e da Transição Energética.
Em Portugal, está abrangido o Alentejo, Norte, Centro, Algarve, Lisboa e Vale do Tejo, Açores e Madeira. Em Espanha, o projeto abrange a Comunidad Valenciana, Baleares, Andalucía, Murcia, Ceuta y Melilla e Canarias.