O novo ano letivo está prestes a começar, mas várias escolas em Portugal enfrentam uma escassez significativa de professores, particularmente nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. Esta situação não é inédita, uma vez que a colocação de docentes tem sido um tema recorrente de debate nos últimos anos. Segundo dados do Ministério da Educação, faltam ainda preencher cerca de 1500 horários, com a maioria das vagas concentradas nas zonas referidas. Embora a lista oficial das escolas mais afetadas só vá ser divulgada em setembro, o Governo já indicou que 109 agrupamentos escolares estão em situação crítica.
Em resposta a este problema, o Conselho de Ministros aprovou na passada quinta-feira um conjunto de 15 medidas, entre as quais se destaca a realização de um concurso extraordinário para suprir a falta de professores. Além disso, foi aprovada uma proposta que, após negociação com os sindicatos, prevê a criação de um subsídio de deslocação para docentes colocados a mais de 70 quilómetros da sua residência, com um valor até 300 euros.
No entanto, estas medidas não foram bem recebidas por todos. Em declarações ao site “Fala Portugal”, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filipino Lima, expressou preocupações. Segundo o presidente, “o Ministério da Educação pode organizar todos os concursos que desejar, mas se não oferecer condições de trabalho adequadas, os concursos continuarão a não atrair professores”. Sublinhou ainda que, nas regiões de Lisboa, Vale do Tejo e Algarve, a falta de docentes é um problema persistente, e que a medida de apoio à deslocação pode gerar mais conflitos, numa altura em que o número de professores já é escasso.
Além da falta de professores, há também alunos que, a poucas semanas do início das aulas, ainda não têm acesso a computadores fornecidos pelo Ministério da Educação, o que compromete o ensino digital. “Estamos a construir o edifício digital pelo telhado, e ainda faltam algumas telhas”, comentou Lima. Espera que, até ao dia 12 de setembro, todos os alunos possam ter o equipamento necessário, para evitar desigualdades. Contudo, sublinha que é fundamental reforçar a infraestrutura digital das escolas, nomeadamente garantindo uma rede Wi-Fi fiável, já que a atual situação obriga os professores a prepararem dois planos de aula: um digital e outro tradicional.