Do turismo à produção de energia, o maior lago artificial da Europa anuncia um 2021 generoso em recursos hídricos.
Autarcas de Portel, Reguengos de Monsaraz e Alandroal não escondem que é uma grande notícia para a região e para os investimentos que têm em curso, como contam ao DN.
A barragem de Alqueva “caminha” para a sua cota máxima à boleia da chuva que nas últimas semanas caiu no Alentejo, animando os autarcas dos concelhos abrangidos pelo regolfo da albufeira. Do turismo à rega, da pesca ao consumo humano, passando pela produção de energia, o maior lago artificial da Europa anuncia um 2021 generoso em recursos hídricos.
“O Alqueva na cota máxima tem uma maior atratividade e relevância nos investimentos em redor das infraestruturas náuticas”, congratula-se o presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, José Calixto. Após os anos de investimento e promoção realizados pela autarquia em torno do “grande lago”, 2017 marcou uma aposta de sucesso, com a criação da primeira praia fluvial junto à vila medieval de Monsaraz potenciada pelo extenso espelho de água.
Mas o autarca tem bem presente as dificuldades impostas no ano passado devido ao abaixamento do nível da albufeira, que tornou as margens mais pantanosas e áridas, obrigando o município a investir num “significativo reforço” de areia, para que os banhistas tivessem acesso facilitado à água. “Também tivemos que baixar as cotas dos embarcadouros e ancoradouros”, recorda, destacando ainda as atuais vantagens na segurança para a navegabilidade do Alqueva com cotas de água superiores.
“A praia fluvial e o centro náutico potenciaram outro tipo de procura turística na região, que passou de dois ou três dias para duas semanas”, revela José Calixto, dando expressão à importância do Alqueva “respirar saúde”, com impacto gerado pela barragem em todo o concelho. “Temos 14 povoações e todas elas têm unidades de alojamento que foram surgindo nos últimos anos”, revela, uma altura em que a capacidade turística de Reguengos já atinge as 2 mil camas, não passando despercebida a recuperação de património que chegou a estar em ruínas e que hoje está aberto a visitantes. “O Alqueva com cota elevada também tem impacto na visita de turistas que geram um rejuvenescimento das nossas comunidades”, acrescenta.
Mas em Reguengos de Monsaraz há vida para lá do turismo a espreitar o Alqueva, sobretudo numa altura em que o concelho viu a ser aprovado o bloco de rega destinado a fornecer água a 11 mil hectares de terrenos agrícolas, onde a área ocupada por extensos campos de vinhas assume o papel de relevo.
“A praia fluvial e o centro náutico potenciaram outro tipo de procura turística na região, que passou de dois ou três dias para duas semanas”, revela José Calixto, dando expressão à importância do Alqueva “respirar saúde”, com impacto gerado pela barragem em todo o concelho. “Temos 14 povoações e todas elas têm unidades de alojamento que foram surgindo nos últimos anos”, revela, uma altura em que a capacidade turística de Reguengos já atinge as 2 mil camas, não passando despercebida a recuperação de património que chegou a estar em ruínas e que hoje está aberto a visitantes. “O Alqueva com cota elevada também tem impacto na visita de turistas que geram um rejuvenescimento das nossas comunidades”, acrescenta.
Mas em Reguengos de Monsaraz há vida para lá do turismo a espreitar o Alqueva, sobretudo numa altura em que o concelho viu a ser aprovado o bloco de rega destinado a fornecer água a 11 mil hectares de terrenos agrícolas, onde a área ocupada por extensos campos de vinhas assume o papel de relevo.
Se lá chegar, esta reserva estratégica alentejana assegura o quinto pleno armazenamento de 4150 hectómetros cúbicos, o que aconteceu pela primeira em 2010 – obrigando a descargas – depois das comportas terem sido encerradas pelo então primeiro-ministro, António Guterres, a 8 de fevereiro de 2002. O Alqueva passava a assumir-se como o maior lago artificial da Europa, com uma área inundável de 250 quilómetros quadrados e cerca de 1100 quilómetros de margens, habilitado a responder a três anos consecutivos de seca, garantindo disponibilidade para abastecimento público, agricultura e produção de energia.
Já em fevereiro o nível das águas da albufeira atingiu os 149 metros (80% da sua capacidade), estando a três metros do limite máximo, segundo revela o boletim diário da Empresa de Desenvolvimento e das Infraestruturas do Alqueva, o que, ainda assim, representa mais de 800 milhões de metros cúbicos.
Também o autarca de Portel – concelho onde está radicada a barragem na freguesia de Alqueva – agradece a chuva. José Manuel Grilo assistiu a três anos consecutivos de seca, que em agosto de 2020 provocaram uma redução do nível da água a albufeira para os 144,51 metros acima do nível do mar, traduzindo, na prática, apenas 63,8% do nível pleno da estrutura. É preciso recuar a 2004 para se assistir a um nível mais baixo.
“Este enchimento da barragem traz-nos esperança para três anos e isso tem um grande significado no concelho”, assume o autarca, apontando os benefícios para as bolsas de rega do perímetro instalado na zona de Monte do Trigo.
As produções de milho e amêndoa, por exemplo – que são das culturas que mais água consomem – poderão este ano assegurar “luz verde” depois das limitações nos últimos anos. Recorde-se que vários empresários agrícolas abdicaram de algumas produções mais exigentes em recursos hídricos com receio de não assegurarem água suficiente para levarem as culturas até ao fim. A produção de girassol foi outro exemplo.
Também José Manuel Grilo não perde de vista a vertente turística, perante as duas praias que vão abrir ao público no início da época balnear. A praia da Amieira já foi inaugurada há dois anos, mas para este verão também a aldeia de Alqueva vai abrir um areal a banhitas.
Está já em curso a colocação de areia, enquanto avança também o concurso público de aquisição de edifícios de apoio para nadadores salvadores e um quiosque de apoio ao serviço de bar e restauração. “Como seria este investimento sem esta água? Não era mesma a coisa, de certeza”, resume.
No concelho de Alandroal é a pesca que ganha espaço à medida que o nível das águas se aproxima da cota máxima, como reconhece presidente do município, João Maria Grilo. Por aqui tem-se assistido ao regresso da atividade piscatória – esquecida ao longo de décadas – potenciada pelo fecho das comportas do Alqueva, que levou à instalação nas águas do rio Guadiana de diversas espécies.
“Este ano demonstra a importância de se ter construído o Alqueva. Se não tivéssemos o Alqueva não conseguiríamos aproveitar toda esta água que nos faz imensa falta”, sublinha o autarca, que tem dado prioridade, precisamente, à promoção do peixe do rio, com mostras gastronómicas que este ano também serão sinalizadas recorrendo às novas tecnologias, por causa da inevitável pandemia de covid-19.
Depois da dificuldade sentida em anos mais recentes, que levaram mesmo em encurtar os períodos de pesca, tendo surgido algumas centenas de peixes mortos nos meses mais quentes – devido à seca e à propagação de parasitas -, agora João Maria Grilo quer aproveitar a oportunidade proporcionada por um ano abundante em água que vai enriquecer a qualidade do barbo, lúcio perca, carpa e achigã.
“A barragem vai ter sedimentos e nutrientes e isso faz que toda a cadeia alimentar seja promovida para o próximo ano. É muito importante na renovação dos ciclos biológicos”, justifica, sustentando que a economia local vai tirar partido deste benefício.
Revela que além dos restaurantes já estarem a servir peixe do rio, o Alandroal conta hoje com algumas experiências de empresas que estão a produzir ervas aromáticas específicas para temperar este peixe, que também está na origem de uma aposta empresarial de conservas. “Esta modalidade, com o confinamento, tem tido sucesso, por causa das vendas online”, diz ao DN o presidente do município.
In DN