No extremo norte do concelho de Moura, no Alentejo, encontra-se Amareleja, uma freguesia que se destaca não só pela sua história e tradições, mas também por ser uma das localidades mais quentes da Europa. Com verões escaldantes que chegam a desafiar os limites da resistência humana, Amareleja é frequentemente lembrada pelos recordes de temperatura, simbolizando a intensidade do clima alentejano.
A 1 de agosto de 2003, Amareleja entrou para os registos históricos ao atingir a impressionante marca de 47,3 ºC, a temperatura mais alta alguma vez registada em território continental português. Este feito coloca a freguesia entre as mais quentes da Europa, rivalizando apenas com cidades como Atenas e Siracusa, onde os termómetros também ultrapassam os 47 ºC. Apesar da controvérsia local que insiste em afirmar que o termómetro marcou 47,4 ºC, o calor extremo é inquestionável e caracteriza o dia a dia da vila.
Amareleja não é apenas uma estatística térmica; é uma comunidade resiliente que aprendeu a viver e a adaptar-se ao calor. O clima desafiante moldou não só o caráter dos seus habitantes, mas também a própria paisagem e o modo de vida. Durante os dias mais quentes, os amarelejenses seguem rituais enraizados no bom senso e na sabedoria popular: portas e janelas fechadas nas horas de maior calor, sestas prolongadas após o almoço e um consumo regular de água (ou, como muitos preferem, uma cerveja bem gelada) para enfrentar as tardes sufocantes.
A relação de Amareleja com o calor é paradoxal. Embora as temperaturas elevadas sejam uma fonte de desconforto e até de risco, elas também se tornaram parte da identidade local, um motivo de orgulho que os seus habitantes carregam com humor e estoicismo. Esta resiliência é um testemunho da capacidade de adaptação dos amarelejenses, que continuam a viver e a prosperar num dos ambientes mais quentes da Europa.