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Anta em Évora restaurada após alegada destruição por trabalhos agrícolas

Uma anta do período neolítico, com cerca de 5.000 anos, situada numa herdade perto de Évora, alegadamente destruída devido à plantação de um amendoal, está a ser reconstruída, na sequência de medidas impostas pela tutela.

Os trabalhos de restauro “decorrem da imposição ao promotor” agrícola de “medidas de avaliação dos impactos e de salvaguarda dos valores patrimoniais”, explicou hoje à agência Lusa a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira.

Localizada na Herdade do Vale da Moura, na área geográfica da Junta de Freguesia de Torre de Coelheiros, no concelho de Évora, esta anta foi destruída no verão de 2020, alegadamente devido à plantação de um amendoal.

No dia 24 de setembro de 2020, a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, revelou à Lusa que este organismo já tinha apresentado uma queixa-crime no Ministério Público (MP) por causa da destruição da anta.

Cerca de um mês depois, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou à Lusa a existência de um inquérito sobre a destruição da anta, que se encontrava em investigação no Departamento de Investigação Ação Penal (DIAP) de Évora.

Hoje, a diretora regional indicou que o promotor dos trabalhos agrícolas “tem estado a cumprir” as medidas impostas pela Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen)e pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

“Em paralelo, corre o processo judicial”, salientou Ana Paula Amendoeira, indicando que a DRCAlen já respondeu a pedidos de esclarecimento e de informação adicional feitos pelo MP sobre o caso.

A responsável notou que a anta “foi destruída na sequência de trabalhos agrícolas, que não tiveram em conta a ocorrência patrimonial”, frisando que o monumento “era conhecido, estava registado e constava no Plano Diretor Municipal (PDM)”.

Também em declarações à Lusa, Tiago do Pereiro, arqueólogo da empresa Era Arqueologia que participa no restauro da anta, indicou que os trabalhos de reconstrução do monumento vão ficar concluídos dentro de algumas semanas.

“Verificámos o manuseamento indevido da estrutura, mas estavam lá todos os elementos, ou seja os esteios, e ainda foi possível identificar os alvéolos onde esses esteios encaixavam”, assinalou.

O arqueólogo referiu que está a ser feita a reposição da anta para a “situação de referência”, que “não é a anterior ao manuseamento indevido”, mas a “um desenho” publicado no livro “Antas dos arredores de Évora”, de 1949, de Georg Leisner.

“Conseguimos reerguer os esteios e tivemos que colar alguns que estavam fraturados por causa desse manuseamento”, adiantou, revelando que o “chapéu não vai ser colocado em cima da anta, porque, em 1949, já se encontrava encostado” ao monumento.

Tiago do Pereiro disse que os trabalhos estão suspensos para “um período de cura das resinas utilizadas para colar os esteios”, acrescentando que o restauro será concluído dentro de “algumas semanas”, com a colocação do chapéu junto à anta.

Segundo a diretora regional de Cultura do Alentejo, o procedimento para classificar, como conjunto de interesse nacional, um total de 2.049 monumentos do Megalitismo Alentejano, como antas e menires, encontra-se em “fase de instrução”.

Este processo de classificação foi desencadeado pela Direção Regional de Cultura do Alentejo, em outubro de 2020, devido à destruição de património arqueológico resultante do modelo de agricultura superintensiva.

C/Lusa

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