Foi arquivado o inquérito do Ministério Público sobre o surto de covid-19 no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, que em 2020 provocou 18 mortos.
A informação é avançada pela própria Fundação, num comunicado divulgado, dando conta que , como se pode ler “na sequência da ampla divulgação de um relatório contendo algumas conclusões inexplicáveis e de várias denúncias falsas e caluniosas que, ao longo de 2020, ajudaram à campanha de perseguição ignóbil e cruel contra a FMIVPS, conhecida como o “Lar de Reguengos de Monsaraz”, contra os seus responsáveis, os seus trabalhadores e restantes colaboradores, num momento em que todos eles se encontravam desesperadamente empenhados em salvar vidas de pessoas que conheciam pelo nome e de que cuidavam com carinho e amor.”
De acordo com a mesma nota “Porque sempre agimos com o objetivo primeiro e último de salvar vidas, salvar todas as vidas, foi com a noção de dever cumprido e com consciência tranquila, embora com muito sofrimento e uma enorme sensação de injustiça, que arrostámos com essa campanha difamatória, desumana e caluniosa” considera a Instituição que “é, igualmente, com este espírito humanista que este “lar” também cuida, há quase meio século, da Senhora Da. Maria Santos Ramalho, mais concretamente desde o dia 1 de maio de 1977. Também ela foi infetada em junho de 2020 e, felizmente, curou-se. Algumas outras e outros colegas estão nesta oferta social há mais de duas décadas.”
Assim, acrescenta o comunicado “Foi, por isso, com a serenidade daqueles que têm a consciência tranquila de terem feito tudo o que lhes era possível que recebemos ontem – dia 5 de junho de 2023 – a notificação do arquivamento do processo de inquérito que resultou dos diversos relatórios e denúncias que chegaram ao Ministério Público.
Trata-se um arquivamento total de todas as matérias que foram objeto de investigação, a saber:
1. hipotéticos maus tratos a idosos na ERPI da nossa Instituição;
2. surto de Covid 19 e causas de falecimento de utentes;
2.1. implementação, por parte da Direção da ERPI, das medidas necessárias e adequadas para impedir ou conter a propagação do vírus do Sars-CoV-2 no interior da Instituição;
2.2. situação dos trabalhadores da ERPI com sintomas;
2.3. atuação das entidades com responsabilidade na gestão do surto, no interior da ERPI;
3. falecimento por Covid 19 da trabalhadora da ERPI, Senhora Da. Ludmila Istratuc;
4. acusações contra trabalhadores da ERPI que se ausentaram do local de trabalho, durante a pendência do surto.”
A Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva refere ainda ” sem prejuízo de posteriores avaliações pela justiça contra os responsáveis pelos julgamentos cruéis e desumanos feitos em praça pública, no caso presente fez-se, para já, justiça num processo de inquérito totalmente arquivado, constituído por 9 volumes e 2 apensos com uma centenas de documentos autónomos, 160 inquirições a utentes, administração e trabalhadores da FMIVPS, oficial de ligação que comandou os 169 militares presentes neste surto, voluntários, responsáveis e trabalhadores das entidades públicas que intervieram nas nossas instalações.”
“A lesão ao bom nome e reputação da Fundação, seus dirigentes, com especial destaque para o Presidente do Conselho de Administração, seus trabalhadores, utentes e familiares, é irreparável; o sofrimento causado a todos os que sofreram o surto e nele intervieram com denodo e desespero é inapagável, mas fica o sentimento da reparação, passados estes três anos” sublinha ainda.
Este surto, refere ” fez-nos sentir o que qualquer ser humano sentiria: uma enorme tristeza que nos destroçou por completo, mas foram precisamente estes momentos dramáticos que nos permitiram deixar bem claro na nossa mente que nunca nos poderíamos ir abaixo porque os nossos concidadãos continuavam a precisar, mais do que nunca, da nossa lucidez e força para continuar a “dirigir o barco”. Felizmente, a Fundação Maria Inácio Vogado Perdigão Silva, depois desta tragédia, reergueu-se com muita dor, mas com total determinação e saberá, certamente, continuar a honrar toda a família da sua instituidora.”
No dia de hoje, sublinha a Instituição “a FMIVPS continua a cuidar de 79 idosos na sua ERPI, a qual regista uma lista de intenções de entrada de mais 85 mulheres e homens que de nós estão a precisar; continua a cuidar dos idosos que recorrem a nós para lhe prestarmos todos os apoios domiciliários que necessitam nas suas vidas; continua a cuidar de todos aqueles que têm que recorrer às nossas Unidades de Cuidados Continuados de Longa duração e de Convalescença, que estão totalmente cheias, sendo que nesta última está em fase de conclusão um importante investimento (830 mil euros) para mais que duplicar a sua capacidade; continua a cuidar de 76 bebés e crianças na “Creche&Aparece”, tendo esta oferta social uma lista de espera para novas entradas de mais 14 bebés e 35 crianças para a sala de primeiro ano.”