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Arraiolos: O Tapete de Arraiolos já está na rua, no ato inaugural a presidente do município salientou “é necessário fazermos mais, é necessário que este património fique preservado mas que passe de geração em geração como acontecia” (c/som e fotos)

A cerimónia de abertura de mais uma edição do “Tapete está na rua” decorreu, na passada quarta-feira, 8 de junho, na Praça do Município.

Ao longo de quatro dias o Centro Histórico da vila de Arraiolos recebe diversas exposições, atelier´s, colóquios, debates,espetáculos que têm como tema central o Tapete de Arraiolos, integrando ainda a Feira do Livro e o mercado medieval.

As ruas de Arraiolos já estão preenchidas de tapetes e artesãos que se dedicam a esta arte ancestral e identitária da região.

A Rádio Campanário acompanhou o ato inaugural do certame e esteve á conversa com a presidente da Câmara Municipal de Arraiolos, Sílvia Pinto, que nos revelou “este ano temos várias novidades para já apresentámos uma réplica do tapete em pedra que  a partir de hoje vai estar na Praça do Município todos os dias,  um desafio que lançámos e penso que foi muito bem conseguido”. Acrescentando que “temos também os atelier´s, onde o nosso visitante pode para além de ver o Tapete de Arraiolos, experimentar fazê-lo, o objetivo é não só verem as várias fases de confeção do Tapete de Arraiolos mas poderem sentar-se ao lado da tapeteira (…) de forma a haver mais proximidade entre o tapete e o visitante”.

Segundo a autarca “na edição de 2015 das Ruas Floridas da vila de Redondo houve um dos grupos, com o qual colaboramos, que fez uma homenagem ao Tapete de Arraiolos e desta vez fomos nós a lançar o desafio de trazer um bocadinho dessa rua para Arraiolos, porque quem teve a oportunidade de a visitar na altura ,em Redondo, gostou muito e  achamos que era um desafio interessante para quem não teve a oportunidade de visitar anteriormente  o pudesse fazer aqui”.

Questionada sobre quantos artesãos participam nesta edição do “Tapete está na Rua”, referiu que “temos nove casas de tapetes a participar neste certame e ao longo do evento vamos ter muitas artesãs na rua a coser sendo que o domingo dia em que se assinala  o Dia da Tapeteira irá mesmo ser dedicado a elas ,  iremos ter muitas pessoas a coser na rua principal do Centro Histórico”. Salientando que  nesta atividade em concreto “ tentamos reportar um bocadinho do que era o antigamente, onde era usual que as mulheres cosessem tapetes na rua com as suas vizinhas e assim passavam os dias lado a lado, conversando e cosendo, hoje  salvo em algumas aldeias, já não existe essa prática pelo menos com tanta frequência”. Portanto “ esta é uma forma de trazer a nossa história aqui nestes dias, de trazer o tapete para a rua, o coser na rua“.

Sobre o futuro do Tapete de Arraiolos, Sílvia Pinto garantiu que “temos trabalhado muito na questão do tapete e da sua afirmação enquanto origem aqui na vila de Arraiolos, porque há vários dados que nos remetem para a origem do Tapete de Arraiolos para antes do século XV , portanto, há uma coisa que temos a certeza o Tapete de Arraiolos nasce aqui em Arraiolos existem várias provas históricas disso mesmo”. Porém “ao longo dos tempos têm tido vários altos e baixos, como todos os artesanatos provavelmente, e efetivamente o que nos preocupa é a questão da continuidade é por isso que também estamos a trabalhar na questão da salvaguarda urgente do património, esta que nós consideramos na candidtura do Tapete de Arraiolos  a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO vai nesse sentido”.

Frisando que  “é necessário fazermos mais, é necessário que este património fique preservado mas que passe de geração em geração como acontecia”.

Relativamente ainda ao processo de candidatura do Tapete de Arraiolos a Património Imaterial assegurou que “a candidatura vai ser apresentada, em 2017, esperemos que depois o comité português a leve à UNESCO e que seja aprovada porque é bem merecida (…) tem todas as mais valias para isso, acreditamos que essa candidatura pode dar-nos uma boa ajuda na salvaguarda deste património”.

A diretora Regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira,  felicitou a organização e sublinhou  que este evento “marca pela positiva o calendário da programação cultural do Alentejo porque é uma iniciativa com muita qualidade, com créditos já firmados ao longo de vários anos e que sempre nos supreende pela qualidade que anualmente imprime, pelo rigor, pelo cuidado com que as coisas são montadas, que são feitas, com os materias promocionais, com os conteúdos da programação”.

Expressando que “se o Tapete de Arraiolos vier a conseguir o reconhecimento de Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, como é objetivo de todos nós, penso que o tapete receberá um grande impulso e uma ajuda grande para resolver alguns problemas do ponto de vista da sua certificação bem como outros problemas que se relacionam com esse aspecto que estão agora também a representar algumas dificuldades que internamente estamos a sentir”.

Ana Paula Amendoeira adiantou que é já na próxima terça-feira, 14 de junho, que vai estar reunida com o Ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, “o nosso objetivo é informar-mos o senhor ministro e fazer o ponto da situação do que corre bem e menos bem no Alentejo, portanto, claro que o tapete e as outras manisfestações culturais (…) tudo isso é matéria que nós temos que conversar regularmente”.´

Para o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERT),  António Ceia da Silva, “este evento têm uma particulariedade singular e que é de registar, é um evento ligado a um produto endógeno do territória e com muita força ao nível da identidade”. Defendendo que  habitualmente “ os eventos têm que estar associados ás dinâmicas do território, este evento fá-lo na perfeição, é uma forma de promover, de divulgar o tapete, os trabalhos da tapeteiras e de intervir na promoção de um produto indiscutível que esta terra deu um nome”.

Ceia da Silva realçou que “como nós temos na nossa estratégia um dos pilares fundamentais é a questão da identidade, estamos perante um turista cada vez mais informado, exigente, culto que procura aquilo que é mais distintivo no território, aquilo que é único e diferenciador”. Relembrando que “na linha da classificação pela UNESCO a ERT do Alentejo e Ribatejo começou um processo há cerca de dois anos atendente a que o Tapete de Arraiolos possa ser reconhecido em termos universais, é um processo que demora o seu tempo, neste momento estamos a trabalhar na inclusão na Lista Indicativa nacional mas não tenho dúvidas que daqui a alguns anos teremos concerteza boas notícias vindas da UNESCO”.

Admitindo que “vamos reditar  uma exposição que foi feita em 2013, no próximo ano que possa percorrer o país com os tapetes como o principal motivo para divulgação e promoção”.

A esta Estação Emissora a artesã, Mariana Angelino, contou–nos que desde há 44 anos que  se dedica a tempo integral ao fabrico de Tapetes de Arraiolos, um mercado que segundo avançou, tem perdido cada vez mais expressão. No que se refere à continuidade do Tapete de Arraiolos confessou que  “não vejo grande futuro, hoje em dia o tapete não tem tido tanta procura como já teve há cerca de trinta anos e a juventude não tem mostrado interesse por continuar com a tapeçaria”.

Apontando ainda, “se calhar a juventude não quer ingressar na tapeçaria visto que  em relação a ordenados não compensa,  ganha-se muito pouco, é um trabalho à tarefa e tem que se trabalhar muitas horas para ver alguma coisa ao fim do dia “.

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