Os deputados da Comissão parlamentar de Cultura e Comunicação aprovaram hoje, por unanimidade, a audição da diretora regional da Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, sobre “o abandono e a destruição sistemáticos” de vestígios arqueológicos na região.
O requerimento apresentado na semana passada pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda para a audição “com caráter de urgência” de Ana Paula Amendoeira foi aprovado por unanimidade, disse à Lusa fonte da comissão.
A audição da diretora regional da Cultura do Alentejo ainda não tem data marcada.
No requerimento, os deputados subscritores Alexandra Vieira, Beatriz Gomes Dias e Jorge Costa indicaram ter recebido “denúncias sobre a situação de abandono e negligência” de vários monumentos do neolítico, as quais referem ainda “a destruição total de estruturas megalíticas”.
Os parlamentares bloquistas realçaram que se constata que “ocorrem situações que colocam em perigo estas estruturas milenares do ponto de vista da preservação e salvaguarda” e que “em muitos casos não estão acauteladas as condições de preservação e fruição pública”.
“Noutros, há sinais de negligência que ameaçam a integridade da construção megalítica e noutros casos ainda há a destruição total das estruturas”, acrescentaram.
Referindo-se ao caso da destruição de uma anta em Évora, os deputados do BE salientaram que “as construções megalíticas, ao que tudo indica, sucumbem aos interesses da agricultura monocultural intensiva, cuja mecanização não é compatível com a existência de obstáculos de pedra, sobretudo de grande porte”.
“A Comissão da Cultura e Comunicação tem de saber que diligências e ações fez, faz e tenciona fazer a Direção Regional de Cultura do Alentejo, com indicação dos meios e instrumentos de dispõe para a proteção e salvaguarda de monumentos de relevância patrimonial inquestionável”, pode ler-se no requerimento.
A recente destruição de uma anta numa herdade perto de Évora, alegadamente por causa da plantação de um amendoal intensivo, está a ser investigada pelo Ministério Público, revelou à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR), depois de a direção regional ter apresentado queixa-crime.
Um movimento de cidadãos, designado Chão Nosso, também denunciou recentemente a destruição de uma outra anta, no concelho de Mora (Évora), e danos provocados num sítio arqueológico no concelho de Beja, devido a trabalhos agrícolas.
(Fonte: Agência Lusa)