Foi hoje aprovado na assembleia da República um requerimento do Bloco de Esquerda (BE) para ouvir especialistas em Arqueologia, sindicato e associações do setor, sobre “situações de abandono e destruição” de vestígios arqueológicos no Alentejo.
O requerimento, aprovado por unanimidade e com a ausência do CDS-PP na comissão parlamentar de Cultura e Comunicação, prevê a audição urgente, a agendar na próxima semana, dos professores Vítor Gonçalves, Ana Catarina Sousa (Universidade de Lisboa) e Leonor Rocha (Universidade de Évora), dos arqueólogos Samuel Melro (Direção-Geral de Cultura do Alentejo) e Miguel Serra (câmara municipal de Serpa), do Sindicato dos Arqueólogos, da Associação de Arqueólogos Portugueses e da Associação Pró-Évora.
De acordo com a notícia avançada pelo Porto Canal, em causa está uma situação “de abandono e de destruição de numerosos vestígios arqueológicos, de diferentes tipologias e períodos, na região do Alentejo”, que ocorre “há anos” e que “tem assumido dimensões preocupantes e completamente fora do controlo, nos tempos atuais, devido à propagação da agricultura monocultural intensiva na região”, lê-se no requerimento do BE. O partido sublinha ainda “o mais relevante é a clara desvalorização do valor do património, que deveria ser inquestionável de ‘per si’, mas também como forma de diversificar a atividade económica, dados as consequências evidentes de concentrar numa única a atividade económica”.
Recorde-se que já em outubro, os deputados já tinham aprovado um outro requerimento, apresentado pelos bloquistas, de audição da diretora regional da Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, sobre o mesmo assunto. A destruição de uma anta numa herdade perto de Évora, alegadamente por causa da plantação de um amendoal intensivo, está a ser investigada pelo Ministério Público, revelou à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR), depois de a direção regional ter apresentado queixa-crime.
Um movimento de cidadãos, designado Chão Nosso, também denunciou recentemente a destruição de uma outra anta, no concelho de Mora (Évora), e danos provocados num sítio arqueológico no concelho de Beja, devido a trabalhos agrícolas.