O coletivo Climáximo está a promover uma “ação não violenta de desobediência civil e de bloqueio” à refinaria da Galp em Sines, na próxima quinta-feira, para exigir o “encerramento planeado e gradual” da unidade até 2025.
A ação, intitulada “Vamos Juntas!”, integra a campanha global “Collapse Total”, a qual pretende, durante esta semana, “causar disrupção à Total Energies e empresas líderes na produção de combustíveis fósseis”, e reivindica “o encerramento planeado e gradual da refinaria de Sines” da Galp “até 2025”. São esperados ativistas de todo o país.
O protesto reclama uma transição justa que “responsabilize a Galp e envolva trabalhadores e comunidades afetadas e um futuro muito próximo com democracia energética em Sines e no país”, segundo um comunicado do coletivo enviado à agência Lusa.
Para este grupo de ativistas pelo clima, “100% da energia consumida em Sines” deve ser “renovável e produzida localmente, por uma entidade municipal gerida democraticamente”, até 2025.
Neste sentido, a Climáximo propõe a criação de “um serviço público e descentralizado no setor energético” que implique “uma reconversão para 100% renovável até 2030”.
A porta-voz do coletivo, Mariana Gomes, citada no comunicado, considera “curioso” ouvir o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, defender “que é profundamente negativo o desejo de que a liderança do processo de transição justa seja nas ruas”.
“Ficamos sem justiça e sem transição, quando um Governo incapaz deixa fechar uma refinaria e duas centrais a carvão sem soluções para os trabalhadores e permitindo uma expansão de renováveis” acompanhada “de uma expansão de [combustíveis] fósseis por todo o mundo”, critica a ativista.
Durante o bloqueio, marcado para quinta-feira, às 13:30, o coletivo vai reivindicar a elaboração de “um plano de transição justa baseado num diálogo social que privilegie os trabalhadores e as comunidades afetadas”.
Os ativistas querem ainda “a garantia imediata de emprego público ou reforma, sem perda de rendimentos, para todos os trabalhadores diretos ou indiretos da refinaria da Galp em Sines”, lê-se no comunicado.
Na ação, os ativistas vão exigir que a Galp e os seus acionistas “financiem todo o programa de transição, garantindo formação profissional para todos os trabalhadores antes do encerramento da refinaria”, assim como o pagamento de “100% dos rendimentos” dos trabalhadores.
“Não vamos ficar à espera de promessas falsas para o corte necessário de 75% das emissões em Portugal até 2030. Vamos assumir a nossa responsabilidade, enquanto movimento, pela história que tem de ser construída para travar o colapso climático”, frisa também Carolina Falcato, outra das representantes da Climáximo.
A Galp encerrou este ano a refinaria de Matosinhos, distrito do Porto, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.
Em junho, a petrolífera anunciou ao mercado que pretende transformar gradualmente a refinaria de Sines “num centro de energia verde”, um projeto que será alavancado no acesso ao hidrogénio verde.