O aumento do salário mínimo em 35 €, anunciado pelo Governo, tem causado alguns problemas a instituições, nomeadamente a algumas Misericórdias do interior.
Nesse sentido a Rádio Campanário falou com Manuel Galante, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Reguengos de Monsaraz, que começa por explicar que “a questão não se coloca nos valores do salário mínimo, todos percebemos que é justo e correto e muito provavelmente deveria ser mais elevado”, acrescentando que “muitas das vezes as nossas colaboradoras dão muito mais do que aquilo que recebem”.
Manuel Galante considera que “o problema está ao nível das nossas receitas,” que são baixas, “pois não somos uma fábrica com produto para vender”.
O provedor explica que o aumento do salário mínimo “na Misericórdia de Reguengos representa um impacto de aumento de 5.83%”, acrescentando que “se tivermos de aumentar o restante pessoal falamos de um aumento entre os 8% e os 9% da massa salarial”.
Para Manuel Galante, “estes valores são praticamente incomportáveis”, considerando que “caso não exista forma de sermos compensados será muito difícil”.
“Aumentar salários sem que exista aumento das comparticipações do Estado, pode obrigar instituições a fechar portas”
Manuel Galante
O provedor refere que “realizamos um compromisso bianual, mas existe uma adenda que permite fazer algumas alterações, espero que os nossos governantes façam algumas alterações ao nível das comparticipações”, lembrando que “a maioria das nossas receitas depende do ministério da segurança social”.
“Não coloco em causa que seja justo pagar um pouco mais a estas pessoas, mas para nós é complicado”, declara.
Como solução, Manuel Galante refere que “tem de existir um esforço conjunto da União das Misericórdias, do Ministério da Segurança Social e de todos os intervenientes para tentarmos chegar a um entendimento que possibilite ás instituições aumentar salários sem ter de fechar as portas”.
Questionado pela RC sobre quais as principais dificuldades sentidas na Misericórdia de Reguengos de Monsaraz, o provedor é taxativo e afirma “a falta de recursos financeiros e económicos”. Explicando depois que “nós vivemos essencialmente das comparticipações do estado e das famílias, mas a famílias apresentam baixos recursos”, acrescentando que “em alguns casos é praticamente incomportável para as famílias pagarem os seus encargos mensais e a mensalidade dos familiares que estão na instituição”.
Outra das dificuldades prende-se com “a falta de mão de obra”, o que para Manuel Galante está relacionado “com os baixos salários”. O provedor refere que “pelo mesmo dinheiro as pessoas preferem outras ofertas”.