A barragem do Pisão, no Crato, distrito de Portalegre, vai ter direito a uma fatia de 171 milhões de euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, segundo o esboço entregue pelo Governo na Comissão Europeia.
“Implementação do Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato (Barragem do Pisão), que permite garantir uma reserva estratégica de água que poderá constituir uma alternativa de abastecimento público e permitir o estabelecimento de novas áreas de regadio”, refere o documento divulgado esta quinta-feira.
No mesmo é ainda referido que “pretende-se ainda associar a esta intervenção um sistema de resposta integrada exigido por situações de risco, em particular para enfrentar situações de seca extrema e para reduzir a probabilidade de ocorrência de cheias”.
Este é um projeto que envolve a construção de uma central fotovoltaica de 150 megawatts flutuante, sendo que os painéis a ficarão instalados no espelho de água da albufeira, com uma produção útil acima dos 250 gigawatts hora anuais.
Esta central poderá ser complementada por “um circuito hidroelétrico reversível com potência instalada significativa, criando também ao nível da energia uma Reserva Estratégica (armazenando energia sob a forma de água na albufeira da barragem do Pisão pronta a entrar na rede através também da produção hidroelétrica)”, segundo as conclusões do grupo de trabalho criado pelo Governo para analisar a viabilidade técnico-financeira deste empreendimento.
Além da produção de energia, é destaca a capacidade que tem como “reserva estratégica de água com capacidade e garantia do abastecimento às populações do Alto Alentejo, utilizando recursos hídricos de uma bacia hidrográfica toda ela em território nacional, o que permite assegurar com uma maior fiabilidade do sistema de abastecimento”.
No documento é ainda destacado o seu potencial como “aproveitamento turístico, través da diversificação da oferta num território caracterizado pela riqueza ambiental, patrimonial e cultural, na medida em que se prevê, ao nível de pleno armazenamento, uma área inundada de cerca de 7 km2, possibilitando a criação de um espelho de água de dimensões consideráveis e com zonas morfologicamente diferentes com potencial de aproveitamento turístico, lúdico e recreativo, designadamente associado a atividades náuticas. Acresce que a previsível boa qualidade da água e a possibilidade de se ter um envolvimento de floresta mediterrânica potencia a possibilidade de, designadamente, se poder ter pontos/circuitos de observação da natureza e de avistamento de avifauna”.
Este relatório datado de junho de 2019 aponta que a barragem do Pisão será “financeiramente viável, com uma “Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) de 4,9 % de 20 anos de operação, um Valor Atualizado Líquido (VAL) para uma taxa de atualização de 4 % de 14,7 milhões de euros e um tempo de amortização do investimento para uma taxa de atualização de 4 % de 22 anos, montante que considera apenas os custos totais e as receitas totais”.
O grupo de trabalho propõe a criação de uma “nova entidade pública, em cujo capital participem entidades da Administração Central e da Administração Local, em razão das respetivas atribuições e competências”.
Esta entidade ficaria com a “promoção/gestão global do aproveitamento, através da atribuição da concessão da exploração e gestão do referido empreendimento, concessão essa que incluísse as várias vertentes do mesmo ou deixando de parte a central solar fotovoltaica para ser desenvolvida por um promotor terceiro”.
Esta barragem também poderá garantir a possibilidade de introdução de “novas culturas mediterrânicas adaptadas ao clima, aplicando as técnicas da rega de precisão, bem como a criação de novas agroindústrias a partir das produções agrícolas e pecuárias”.